Os efeitos do Gre-Nal foram alucinatórios para mim. Qual é meu nome? F.? Já contei tantas histórias que agora já me confundo no tempo. E mesmo no espaço. De onde falo? De quando falo? Só sei que olho este céu, essas nuvens sob as quais caminho, e vejo Lygia. Sim… Lygia. Seus olhos, as estrelas, seu sorriso, a lua, fazem parte de uma mesma luz a me inebriar. Algo se acalora e sinto que sei em que direção vou.
Na verdade, por um lado, não me movo. Estou sentado em frente à TV. Entre ela e eu: batatas fritas. Mas também estou em Arapiraca, Alagoas, com o Inter, que estreia na Copa do Brasil na noite desta quarta-feira (28). Sinto o calor do Nordeste e da torcida. O peso do gramado. O sofá é um cais, um refrão, para o qual retorno. Arapiraca é um mar diverso a passar, ir e voltar.
Sou o ímpeto do Asa nos primeiros minutos. Do promissor e longilíneo lateral-esquerdo Gabriel, a se insinuar e confundir a defesa Colorada, na esperança da vitória e de um futuro. Sou o gol sem goleiro perdido por Didira logo aos 2 minutos. Sou o castigo imperial do Inter, que marcou com Alario minutos depois. Esperança, lástima e afirmação passam como uma rajada de vento em minha nuca.
Nos minutos seguintes, meus nervos vibram com a bravura do Asa, que poderia ter virado e ampliado tranquilamente. O Inter não fazia corpo mole, pelo contrário. Até tentava se impor, mas o Asa era mais rápido, chegava antes nas divididas. Por vezes, o Inter tinha a bola, e a retinha, mais do que buscava ampliar, ainda que isso pudesse ter acontecido uma que outra vez. Nessas horas eu respirava e comia fritas, assistindo pouco a pouco o sonho do Asa tornar-se vida concreta.
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No segundo tempo, foi-se aquele Asa. O Inter colocou Lucca no lugar de Alario no intervalo e conseguiu manter não um domínio, mas o controle necessário. Aos 8, após um escanteio cobrado curto, Maurício cruza, o defensor do Asa cabeceia para trás. A bola chega para Wanderson na área pela esquerda, que cabeceia para o meio. Vitão chega e conclui.
Dali em diante, a partida criou um contorno que tornou até minha linguagem mais real e objetiva. O Asa pressionou, mas o Inter resistiu com autoridade. O Colorado está na próxima fase da Copa do Brasil e ganha R$ 1,47 milhão com a classificação. Na próxima etapa, o Inter enfrenta o Nova Iguaçu. A partida será no Rio de Janeiro, entre os dias 5 e 14 de março.
Enquanto isso, o Inter encerra sua participação na primeira fase do Campeonato Gaúcho contra o Juventude, sábado (2), no Alfredo Jaconi, às 16h30. O Inter já tem a liderança garantida. Assim concluo relato objetivo, que eu sei ajuda a prender a ti, leitor, no texto.
Agora, diante do sofá, o prato de batatas fritas já são sobras de sal. Mas há um barulho na porta. Lygia. Quando ela entra, uma brisa leve farfalha as cortinas. Tenho agora um devaneio doce e uma boca para beijar. Minha nuca arrepia.
