Cotidiano

Criminosos se aproveitam do coronavírus para aplicar golpes na internet

Criminosos na internet estão se aproveitando da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) para aplicar golpes e fraudes em corporações, órgãos públicos e em pessoas físicas. É o que constata um levantamento da Apura Cybersecurity Intelligence, empresa brasileira especializada em cibercrimes.

Em relatório concluído nesta semana, a empresas verificou a existência de mais de 2 mil sites com a palavra “coronavírus” no domínio, sem certificado de ambiente seguro de navegação e compartilhamento de dados. Além disso, uma das plataformas da Apura que detectam ameaças, a Boitatá, já acumula mais de 60 mil ocorrências que mencionam a palavra “coronavírus”.

“A alta repercussão mundial sobre a Covid-19 abriu espaço para pessoas mal intencionadas se aproveitaram tanto do caos como da constate procura por informações para disseminarem malwares e ransomwares”, adverte o fundador da Apura, Sandro Süffert.

Malwares, explica o especialista, são vírus e programas similares que se estabelecem nos computadores, de forma ilícita. Os ransomwares são um tipo de malware que inviabiliza o acesso ao sistema infectado, permitindo a sua liberação mediante apenas uma espécie de “resgate”. Especificamente relacionados à conjuntura de pandemia do coronavírus, a empresa de segurança digital constatou três grandes casos de golpe no mundo e alguns no Brasil.

Golpes no Brasil

Circulam pelo WhatsApp mensagens maldosas envolvendo empresas como a Ambev e a Netflix. No caso da Ambev, a mensagem dá conta de que a empresa distribui, gratuitamente, unidades de álcool gel para quem clicar no “Continue Lendo”. Já a Netflix estaria oferecendo acesso gratuito aos primeiros cadastros. Em ambos casos, as vantagens seriam obtidas mediante acesso a links fraudulentos.

Ainda segundo o relatório da Apura, há outros casos de “phishing” tendo como temática o coronavírus verificados no Brasil. Tratam-se de programas que se passam por sites de agendamento de exames e outros que fornecem exames on-line a partir de sintomas informados pelos pacientes.

Golpes no mundo

Um dos grandes casos de golpe teve como vítima a Johns Hopkins University, dos Estados Unidos. Um mapa com a atualização dos casos do novo coronavírus pelo mundo idêntico ao do site da instituição era enviado por e-mail pelos cibercriminosos; na mensagem, o mapa exigia download, por meio do qual se escondia um malware voltado ao roubo de senhas.

O segundo caso detectado envolveu ransomwares fazendo de reféns sistemas de hospitais e instituições de saúde, tanto na Ásia quanto na América do Norte. O Distrito de Saúde Pública de Champaign-Urbana (também nos Estados Unidos) foi uma das vítimas de cibercriminosos, que conseguiam instalar o programa por meio de correios eletrônicos enviados à organização.

E há um terceiro grande caso, esse no Brasil. Um vídeo adulterado sobre a construção de um hospital na China – erguido para receber as vítimas de coronavírus – era enviado por e-mail, como phishing (isca) contendo um malware que, por acesso remoto, permitia aos criminosos acessarem o computador da vítima.

Criminosos pedem dinheiro

Por fim, Sandro Süffert acrescenta a ocorrência frequente dos recrutadores de “mulas de dinheiro”. São criminosos que, por e-mail, oferecem trabalhos para serem feitos para atender supostas instituições que atuariam auxiliando, de alguma forma, no combate à pandemia, ou assistindo adoentados.

Depois de encomendar tarefas como inspecionar farmácias – fazendo a vítima crer que se trata de uma instituição e trabalho sérios -, o recrutador falso solicita a realização de transações financeiras, após depósitos feitos na conta bancária da vítima. As transações solicitadas são, na verdade, procedimentos de lavagem de dinheiro.

“Como muitas pessoas estão sendo demitidas, ou tendo a jornada reduzida, ou precisando trabalhar em casa para que se evitem aglomerações, os cibercriminosos identificam nesse público potenciais ‘mulas de dinheiro’ – pessoas que são ‘amarradas’ a esquemas de lavagem de dinheiro, sob o pretexto de oferta de emprego”, salienta o executivo da Apura.