Cotidiano

CPI do Carf rejeita convocação de filho de Lula e do sobrinho de Nardes

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado que investiga irregularidades no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) rejeitou nesta quinta-feira (5), por unanimidade, requerimentos de autoria do presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), para convocação do filho mais novo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Luís Cláudio Lula da Silva, e dos ex-ministros Erenice Guerra (Casa Civil) e Gilberto Carvalho (Secrertaria-Geral da Presidência da República). A CPI do Carf foi instalada em maio e tem prazo de funcionamento até 18 de dezembro.
Essa não foi a primeira vez que os três tiveram pedidos de convocação rejeitados pela comissão. Para reapresentar os requerimentos, Ataídes Oliveira disse que a ida dos três poderia esclarecer suspeitas de que uma medida provisória editada em 2009 no governo do ex-presidente Lula teria sido “comprada” por lobistas para favorecer montadoras de veículos. “Esses requerimentos já haviam sido apresentados por mim nesta comissão e rejeitados. Agora, diante dos novos fatos deflagrados pela Operação Zelotes, eu vejo que há uma fratura expostas com relação a esses três convocados”, lembrou o senador.

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“Estamos diante de requerimentos cujo objetivo é meramente político. Não tem nenhuma ligação com o objeto desta CPI”, afirmou a relatora da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM), apoiada por outros parlamentares da base aliada ao governo.
Além de apresentar argumentos contra a terceira tentativa de convocar Erenice Guerra, a relatora defendeu Gilberto Carvalho e Luís Claúdio. “Acho que está em curso uma grande injustiça. Não há nada que leve ou que sugira que ele [Gilberto Carvalho] tenha cometido algum tipo de crime. Um e-mail de um cidadão vice-presidente de uma entidade que representa todo o setor automobilístico pedindo uma audiência é motivo suficiente para criminalizar alguém? O senhor Luís Cláudio a mesma coisa: proprietário de uma empresa que recebeu por um serviço prestado a um escritório, esse sim um escritório envolvido, mas, por conta do envolvimento de um escritório, nós vamos envolver todos aqueles que tiveram contratos?”
A CPI também rejeitou requerimentos de quebras de sigilo do filho de Lula, da LFT Marketing e da Guerra Advogados Associados, da ex-ministra Erenice Guerra.
Os senadores também derrubaram convocação e quebras de sigilo de Carlos Juliano Ribeiro Nardes, sobrinho do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes, o que provocou revolta do senador Randofe Rodrigues (Rede-AP).
“Inacreditável, inaceitável a não aprovação dos requerimentos relativos a Juliano Nardes. Em relação aos ex-ministros dá até para entender as razões políticas, mas por que não Juliano Nardes? Pessoas ouvidas pela CPI relataram o envolvimento dele. Dois funcionários da empresa do articulador do esquema estiveram aqui em uma acareação e ambos confirmaram. É um fato objetivo que ocorreu no âmbito da CPI”, reclamou.
Juliano é investigado por suposta participação no processo que envolveu o Grupo RBS no Carf.