O estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, na capital paulista, foi palco hoje (20) da final da etapa nacional da Copa dos Refugiados de futebol, que contou com a participação de 930 atletas de 27 nacionalidades, divididos em 41 times. O evento reuniu as seleções vencedores das etapas do Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, além da Malaika, seleção da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), formada por imigrantes de vários países.
“Queremos quebrar o discurso da xenofobia, que aumentou muito pela crise humanitária. Eu não tenho culpa de estar aqui. Você um dia pode ser um refugiado. Nós chegamos aqui não por nossa escolha. Foi para salvar a nossa vida. O Brasil, que nos abriu as portas, é formado historicamente por refugiados e migrantes”, destacou o coordenador geral da Copa dos Refugiados, o sírio Abdulbaset Jarour.
“A gente chegou aqui e viu que o Brasil não é fácil nem para os brasileiros, e nunca vai ser fácil para nós. Queremos chamar atenção, através da linguagem universal, o futebol, do setor empresarial e do setor público, para eles entenderem a nossa situação e nos ajudarem a manter uma vida nova aqui”, acrescentou.
A Copa dos Refugiados teve início em 2014, sendo idealizada pela Organização Não Governamental África do Coração com apoio institucional da Acnur. “O esporte é o meio que propicia o vínculo entre os jogadores de diferentes nacionalidades que participam da Copa dos Refugiados e perpassa os aspectos culturais e sociais de quem busca uma nova chance de reconstruir suas vidas”, ressaltou Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do Acnur em São Paulo.
De acordo com a agência, em 2017, 33.866 pessoas solicitaram o reconhecimento da condição de refugiado no Brasil. Os venezuelanos fizeram mais da metade dos pedidos, com 17.865 solicitações. Na sequência estão os cubanos (2.373), os haitianos (2.362) e os angolanos (2.036). Os estados com mais pedidos de refúgio são Roraima (15.955), São Paulo (9.591) e Amazonas (2.864), segundo dados da Polícia Federal.
O Brasil reconheceu, até o final de 2017, um total de 10.145 refugiados. De acordo com a Acnur, apenas 5.134 continuaram em 2018 com registro ativo no país, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. Os sírios representam 35% da população refugiada com registro ativo no Brasil.
A final do campeonato foi vencida pela equipe de Malaika, que disputou a partida contra o time de Angola. O duelo foi decido nos pênaltis, após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar.