Contra lavagem de dinheiro, Operação Acrônimo prende cinco

A PF (Polícia Federal) prendeu hoje (29), em flagrante, cinco pessoas, entre elas, o ex-assessor do Ministério da Cidades Marcier Trombiere; Benedito de Oliveira Neto, conhecido como Bené e dono da Gráfica Brasil; Pedro Augusto de Medeiros, apontado como laranja de Benedito; e Victor Nicolato, sócio de Benedito.
As prisões ocorreram em Brasília como parte da Operação Acrônimo, deflagrada nesta sexta-feira pela PF no Rio Grande do Sul, em Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal com objetivo de desarticular um esquema de lavagem de dinheiro. Quatro foram detidos por associação criminosa e um por posse ilegal de arma.
Ambos haviam sido detidos pela PF em outubro do ano passado quando agentes apreenderam R$ 113 mil em uma aeronave que chegava ao Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitscheck, em Brasília. No ano passado, Bené atuou na campanha do então candidato e atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Segundo o delegado Dennis Kali, responsável pela operação, o governador petista não é alvo da investigação.

Busca na casa da primeira-dama de Minas

Entretanto, a casa da primeira-dama de Minas Gerais, Carolina Oliveira Pimentel, mulher do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, foi um dos alvos das buscas da PF. Antes de se casar com Fernando Pimentel, ela trabalhava como assessora de imprensa dele no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ela era contratada por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão vinculado ao ministério liderado, na época, pelo petista.
A ação da PF ocorreu no endereço onde Carolina vivia antes da eleição de Pimentel. Atualmente, a primeira-dama mora no Palácio dos Mangabeiras, em Belo Horizonte (MG), residência oficial do governador do estado.
Procurado para comentar a ação na casa da primeira-dama, o governo de Minas informou, apenas, que “não é objeto de investigação neste processo”. No meio da tarde, a primeira-dama divulgou nota informando que “viu com surpresa a operação de busca e apreensão realizada em sua antiga residência, em Brasília” e que “acredita que a própria investigação vai servir para o esclarecimento de quaisquer dúvidas”.

Como agia o esquema

De acordo com a PF, também foram apreendidos hoje R$ 100 mil, US$ 5 mil, 12 carros de luxo e um avião bimotor avaliado em mais de R$ 2 milhões. Somente duas das 30 empresas usadas no esquema tiveram evolução no faturamento de R$ 400 mil, em 2005, para mais de R$ 500 milhões, no final de 2014, em contratos com órgãos públicos federais, informou a Polícia Federal.
Conforme as investigações, o grupo emitia notas fiscais com sobrepreço ou para serviços não executados. “Sabemos que houve sobrepreço, inexecução dos contratos e desvio do recurso público. O objetivo agora é identificar para onde foram esses recursos e para quem”, disse Kali.
O delegado acrescentou que, com o cumprimento dos 90 mandados de busca e apreensão, seis em Minas Gerais, sete no Rio Grande do Sul e 75 no Distrito Federal, será possível confirmar a participação dos principais suspeitos na operação.
Para tentar ocultar a origem dos recursos, os suspeitos usavam laranjas e empregavam uma técnica conhecida como smurffing, que consiste no fracionamento de valores para disfarçar e dificultar a identificação de grandes movimentações bancárias.