A crise no Oriente Médio, muito provavelmente, vai respingar na economia global. O conflito entre Irã e Israel deve levar a um aumento no custo do barril de petróleo e da cotação do dólar, encarecendo tudo o que está atrelado a eles por consequência.
O Irã é um dos maiores produtores de petróleo do mundo com mais de 4,3 milhões de barris de óleo extraídos por dia. O envolvimento direto do país em um conflito levaria rapidamente a um aumento de preços dos derivados por sanções – que podem ser impostas por Estados Unidos e União Europeia, por exemplo – ou queda da produção para atingir os “inimigos externos”.
O governo iraniano faz parte do cartel da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Esse grupo, muito resumidamente, controla a produção mundial de petróleo, quantos vão ser comercializados e o preço de venda.
Conforme dados da agência Bloomberg, especializada no mercado financeiro, o preço do barril de petróleo já subiu 17% desde janeiro. Passou de US$ 77 (cerca de R$ 394) para os atuais US$ 90 (R$ cerca de 460).
“Um conflito entre Israel e Irã pode gerar mais restrições nas movimentações de petróleo e de derivados e isso deve pressionar, sim, a um aumento de preço”, afirmou Sergio Araujo, presidente-executivo da Abicom, associação que reúne os importadores de combustíveis ao jornal O Globo.
Com o recente aumento da cotação do dólar e a escalada do conflito no Oriente Médio, a Petrobras deve ser instada a reajustar os valores dos seus produtos. Estimativas de analistas de mercado apontam que a gasolina está com defasagem de 12% em relação ao preço internacional.
E a expectativa de uma contra-reação de Israel aumenta a incerteza do mercado financeiro. O dólar, que fechou em R$ 5,12 na sexta-feira, deve subir mais se os temores de uma escalada continuarem sendo ventilados.
Contexto do conflito
A briga entre os aiatolás e os sionistas não é de hoje. Ela remonta a 1979, ano da Revolução Irianiana, quando a monarquia dos xás – que reconheceu Israel como Estado em 1948 – foi deposta por um grupo de religiosos muçulmanos. Desde então, o governo de Teerã considera que Israel não tem o direito de existir como país.
A rivalidade que vinha escalando nas últimas décadas ganhou maior peso nos últimos anos. Tel Aviv acusa os religiosos iranianos de financiarem grupos terroristas como Hamas, que atua nos territórios palestinos e atacou Israel no ano passado, e o Hezbollah, que age no Líbano.