As companhias aéreas brasileiras nunca voaram com aviões tão cheios quanto em 2014. As empresas ampliaram apenas 0,94% sua oferta de assentos, mas conseguiram vender 5,81% mais passagens, segundo dados divulgados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Isso foi possível com a elevação da taxa de ocupação das aeronaves nos voos nacionais, que atingiu 79,8% em 2014, o maior valor já registrado desde 2000, quando começa a série histórica divulgada pela Anac.
Os resultados de 2014 mostram uma leva recuperação do setor em relação ao ano anterior. Em 2013, a demanda por voos domésticos subiu apenas 1,37% e a oferta caiu 2,87%, o pior desempenho em 11 anos. O crescimento mais forte em 2014 reflete principalmente a expansão das vendas de passagens de Gol, Azul e Avianca.
De olho no aumento de rentabilidade, a TAM continuou a cortar oferta – a queda foi de 1,51% em 2014 – e conseguiu elevar em apenas 1,17% a demanda por passagens. Isso fez com que a empresa perdesse participação de mercado e fosse superada pela Gol como líder nacional.
A Gol chegou em dezembro com 38,1% de participação de mercado, contra 37,2% que tinha no ano passado, e acima da fatia de 36,7% da TAM. “A Gol fez um reajuste na sua malha que deu certo. Isso alavancou as vendas e fez com que ela ganhasse mercado”, aponta o consultor em aviação, Nelson Riet.
Expectativas.
As companhias aéreas devem manter a disciplina de oferta em 2015, mas o desempenho do mercado depende do cenário econômico brasileiro. “Acreditamos que vamos garantir uma demanda igual neste ano à de 2014”, disse o presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Eduardo Sanovicz.
De acordo com ele, o desempenho do setor estará associado aos resultados das medidas econômicas tomadas pelo governo e ao movimento de passageiros que viajam a negócios. “Temos um novo comando econômico no País, que está colocando uma série de medidas novas, que em algum volume vão gerar impacto em sua implementação tanto no mundo corporativo como no lazer”, disse.
Outra questão relevante para o desempenho das empresas neste ano é o eventual reajuste do preço do QAV (querosene de aviação), maior custo das empresas aéreas. No exterior, o preço do QAV é atrelado à cotação do barril de petróleo, que caiu pela metade em um ano.
O presidente da Abear salientou que a queda do preço do petróleo não refletiu significativamente no preço do QAV no Brasil, já que o reajuste ocorre com defasagem. O efeito também chega no País mitigado, pois a cotação do barril é em dólar, moeda que se valorizou perante o real. “Já há alguma queda no preço do querosene, mas não chega nem próximo desses valores [do barril de petróleo].”
Cotidiano