Com tempo bom, famílias das Ilhas do Guaíba começam a retornar para suas casas

Depois de 17 dias fora de casa, Fabiane Soares organiza as roupas, travesseiros, cobertores, brinquedos das crianças e outros pertences da família para voltar para o seu lar. Ela está no primeiro grupo de moradores que deixou o Ginásio Tesourinha na manhã desta quarta-feira (28), rumo à Ilha Grande dos Marinheiros. Nessa terça-feira, a dona de casa esteve na residência para fazer a limpeza e ver o que é possível salvar da enchente. “Apesar de termos tido todo o atendimento necessário aqui e de a vida da gente lá nas ilhas não ser fácil, nada melhor do que voltar pra casa”, disse Fabiane.
O prefeito José Fortunati visitou os desalojados que estão no Ginásio Tesourinha antes da saída do primeiro ônibus da Carris, nesta manhã. Ele explicou para as famílias que só devem retornar para casa aquelas cujo imóvel está em condições e não ofereça riscos. “Nossas equipes estão fazendo uma avaliação das casas, iniciando a reconstrução dos imóveis quando necessário e também a construção de casas de emergência, nos casos de perda total. Quem não puder retornar terá abrigo pelo tempo que for necessário”, afirmou o prefeito. Fortunati ressaltou a importância da comunidade continuar participando com doações, especialmente de materiais de construção, móveis e eletrodomésticos.
Retorno – Por volta das 11 horas, o primeiro ônibus deixou o Tesourinha levando algumas famílias e seus pertences, além de uma boa quantidade de doações para garantir alimentação e produtos de primeira necessidade para quem perdeu quase tudo. Fabiane, que mora com o marido, três filhos e a mãe, embarcou junto. Levou com ela a esperança de que a solidariedade ajude a família a reequipar a casa. “Quase todos os meus móveis foram perdidos, além da máquina de lavar, microondas. Moro longe das margens do Guaíba e isso nunca tinha acontecido com a gente antes”, desabafou.
Durante a tarde desta quarta-feira, o ônibus da Carris levará mais alguns moradores de volta para a região das Ilhas. Soldados com caminhões do exército auxiliam no transporte dos pertences e doações. A estimativa da prefeitura é que 90% dos desalojados que estão no Tesourinha tenham condições de retornar para casa até o fim de semana. Dona Juventina Braga, de 79 anos, é uma delas. Como a idosa vive sozinha, equipes da prefeitura e voluntários já fizeram uma vistoria na casa dela e limparam o local.
“Existem casos em que as pessoas estão debilitadas e o retorno delas depende também do esforço das equipes para que elas encontrem suas residências em condições”, concluiu o coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, Nelcir Tessaro.