O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, conheceu, hoje (13), os sete fósseis brasileiros contrabandeados em 2017 para a Colômbia, e repatriados para o Brasil. O material foi devolvido ao Museu de Ciências da Terra (MCTer), do Serviço Geológico do Brasil – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), pelo Serviço Geológico Colombiano (SGC). As peças, que têm duas espécies de peixes (Tharrhias e Vinctifer) e um ramo de árvore (Brachyphyllum obesum), parente dos pinheiros, procedentes da Bacia do Araripe, sul do Ceará, representam uma prova de que em algumas regiões do nordeste brasileiro são encontrados diversos peixes fossilizados, uma vez que essas áreas já estiveram debaixo d’água, na época dos dinossauros ainda na Terra.
Segundo o Serviço Geológico do Brasil-CPRM, os fósseis foram apreendidos pela polícia metropolitana de San José de Cúcuta, em dezembro de 2017, no Aeroporto Internacional Camilo Daza, na capital do departamento do Norte de Santander. Para o diretor-geral do SGC, Oscar Paredes Zapata, a proteção do patrimônio paleontológico entre as duas nações é uma prioridade, dado que os fósseis, formações raras que se produzem em todos os seres que se degradam, perduram durante milhões de anos.
“Petrificando-se, são um testemunho da vida que se deu a milhões de anos atrás. Os cientistas que os estudam e os analisam, os compreendem como se fossem uma evolução do planeta Terra e a evolução de sua vida. É fundamental para entender nosso território e o processo de evolução geológica que se passou milhões e milhões de anos”, disse.
Oscar Paredes Zapata destacou ainda que a volta dos fósseis ao Brasil representa também uma luta contra o crime e permite o reforço dos serviços geológicos. “Impedir que haja esse tráfico é fundamental para os serviços geológicos, porque não se trata de peças decorativas. São patrimônios científicos que formam parte de nossos povos, porque explicam o processo de evolução geológica. Defender esses patrimônios faz parte das comissões internacionais de patrimônio da Unesco, pelas quais somos signatários, países como Brasil e Colômbia. Então, ter encontrado essas peças na Colômbia e poder devolvê-las ao seu legítimo dono, que é o povo do Brasil, é uma honra para nós e um exemplo do que deve fazer para impedir o tráfico”, disse.
Pesquisa
Segundo a CPRM, o material pertence ao período geológico conhecido como Cretáceo e tem cerca de 120 milhões de anos. Segundo o paleontólogo do MCTer Rafael Costa da Silva, os fósseis têm grande importância para pesquisa científica, especialmente porque têm bom estado de conservação e grande potencial expositivo.
O diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil-CPRM, Esteves Pedro Colnago, disse que o material estava transitando em contrabando para servir de peças ornamentais. “São peças para uso científico. Isso não tem valor monetário e não pode ter. Tem que servir para os pesquisadores poderem fazer uma identificação do que ocorreu há 100 milhões, 150 milhões de anos atrás. É importante para a civilização conhecer como eram o clima a as condições de temperatura”.
Depois do tombamento dos fósseis junto à coleção paleontológica do MCTer, um dos mais ricos da América Latina, com mais de 10 mil amostras de minerais e meteoritos, 12 mil rochas e 35 mil fósseis catalogados, o material vai integrar o acervo do Museu de Ciências da Terra. “Estamos agora com esse material no lugar que ele deve estar. Na verdade, ele deveria estar na área original dele, mas se foi retirado, então, estamos agora colocando no Museu da Ciência da Terra que é o local para que as pessoas conheçam essa parte da história do desenvolvimento do território brasileiro”.
O ministro Bento Albuquerque agradeceu ao Serviço Geológico Colombiano, em nome do governo brasileiro, pelo gesto de retornar os fósseis ao Brasil. “Particularmente este gesto é uma demonstração da integração sul-americana. Acho que é nesse sentido que temos que avançar cada vez mais”, disse.
O ministro conheceu os fósseis no encerramento do Seminário Internacional da Associação de Serviços de Geologia e Mineração Ibero-Americanos (ASGMI), que reuniu durante quatro dias 23 representantes de 15 países integrantes da Associação de Serviços de Geologia e Mineração Ibero-americanos (ASGMI), além de cientistas do USGS (United States Geological Survey), Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e de outras instituições de pesquisa brasileiras.