O processo de recuperação de cirurgias plásticas geralmente exige bastante cuidado, como repouso, esforço moderado e medicação. Mas o que parece simples, nem sempre vem a conhecimento de pacientes que buscam uma boa cicatrização pós cirurgia: a alimentação. Alguns alimentos são fundamentais para uma boa cicatrização, já outros, não são indicados.
Ao realizar uma cirurgia, corta-se tecido (pele) e imediatamente o corpo reage e tenta se defender e cicatrizar esses tecidos. A coagulação é ativada e forma um novo tecido conjuntivo, rico em fibras de colágeno. Esse processo acontece por meio de células chamadas fibroblastos, macrófagos, plaquetas e também por inúmeros mediadores químicos. Para a realização desse processo, nosso corpo necessita de nutrientes, principalmente aminoácidos, proteínas, vitaminas C, E e A, além de um aporte de oxigênio.
Conforme o cirurgião plástico Deivis Albers, uma boa alimentação é essencial: “Ao montar o seu cardápio pós-operatório, é importante lembrar de alimentos ricos em Ferro e Proteína como carnes e com boa quantidade de vitaminas, que encontramos nos legumes e vegetais”, destaca o médico. De acordo com o médico, para formar um novo tecido e ativar a cicatrização, o corpo precisa produzir colágeno, que é uma proteína.
Alimentos ricos em proteínas são excelentes para ajudar nesse processo, como carnes de gado, aves, peixes, ovos, além de leites e derivados. Entre as vitaminas, a vitamina C auxilia na cascata de coagulação e na formação do colágeno, encontrada principalmente em frutas cítricas, como a laranja, o limão, abacaxi, tangerina, entre outras.
Já a vitamina A é importante para combater a inflamação e é encontrada em alimentos como a cenoura, o tomate e a beterraba. A vitamina E se encontra em oleaginosas, como castanhas, amendoins, nozes, etc.. Para complementar, o ômega 3, encontrado em peixes, atum e sardinhas também ajuda no controle do processo inflamatório.
No entanto, há alimentos que retardam e prejudicam o processo de cicatrização pós cirurgias plásticas. Alimentos ricos em açúcar e gorduras trans ou ainda ricos em óleos vegetais e sintéticos, devem ser evitados, como doces, pães, massas, bolos, biscoitos, refrigerantes, margarina, óleos de soja, de milho e de canola.
Albers ressalta que outros vilões nesse processo são as frituras, os produtos refinados, ultra-processados e industrializados. “Estas substâncias comestíveis não possuem nutrientes e podem gerar processos inflamatórios no organismo, que irão atrapalhar na boa cicatrização”, afirma.
Alimentos reimosos
São chamado de alimentos “reimosos” os alimentos que, teoricamente, atrapalhariam a cicatrização. O termo “reimoso” é utilizado em várias regiões do Brasil, especialmente na região Nordeste. “Reima” é uma variação da palavra grega “reuma”, que deu origem a outras palavras, entre elas, a palavra “reumatismo” (doenças que provocam dores intensas nas articulações e músculos).
Trata-se de alimentos considerados com alta concentração de proteína e gordura animal, como carne de porco e de pato, camarão, caranguejo, moluscos e ovos. Algumas frutas cítricas, apesar de não terem proteína animal, também são consideradas “frutas reimosas”. No entanto, os alimentos reimosos possuem má fama, pois muitos acredita-se que eles possam desencadear reações alérgicas como coceiras, diarreia e intoxicações mais graves. Contudo, não há comprovação científica e é considerado um mito entre os cirurgiões.
É importante lembrar que para uma boa cicatrização, a alimentação indicada para cada paciente deve ser avaliada diretamente com o médico responsável. Além disso, o paciente deve estar com um aporte de oxigênio adequado, pois fatores locais podem prejudicar a recuperação. Isquemia, infecção, má técnica cirúrgica, corpo estranho e edema são fatores que dificultam uma boa cicatrização. Problemas sistêmicos também interferem, entre eles, diabetes, hipotireoidismo, tabagismo, sepse, idade avançada, insuficiência renal ou hepática, diversos medicamentos e doenças hereditárias como Síndrome de Ehler-Danlos.