Cotidiano

Chile poderá ser parceiro na construção de navio antártico do Brasil

Até a próxima sexta-feira (5), quando termina a LAAD Defence & Security 2019 – Feira Internacional de Defesa e Segurança, no Riocentro, deverá estar definido o nome do estaleiro brasileiro que participará do consórcio multinacional formado pela Marinha do Chile e a VSK Tactical, dos Estados Unidos, que disputará o edital de construção do Navio de Apoio Antártico (NApAnt), da Marinha do Brasil.

A informação foi dada hoje (2) à Agência Brasil pelo advogado Marcellus Ferreira Pinto, um dos diretores executivos da VSK Tactical. Ferreira Pinto está em tratativas com duas empresas nacionais.

O projeto do novo NapAnt está avaliado em US$ 500 milhões, ou o equivalente a R$ 4 bilhões, mas, segundo Ferreira Pinto, o valor poderá ser menor. A ideia é que a nova embarcação auxilie na reconstrução da Estação Comandante Ferraz, destruída por um incêndio em 2012.

Vantagem competitiva

De acordo com Ferreira Pinto, o Estaleiro Astilleros y Maestranzas de la Armada (Asmar), que trabalha sob a administração da Marinha do Chile, tem uma vantagem competitiva, por sua expertise nesse campo, tendo construído recentemente um navio semelhante ao NApAnt do Brasil. “É um país do Mercosul, parceiro da Marinha brasileira. Então, temos aí uma perspectiva boa para essa parceria.”

Conforme o edital, os consórcios que disputarão a construção do Navio Antártico brasileiro têm até 13 de maio próximo para apresentar as respostas ao documento intitulado Solicitação de Informações (Request For Information – RFI), da Marinha. “Esperamos já responder a esses questionamentos com o parceiro brasileiro junto”, Ferreira Pinto. A partir daí, a Marinha vai compilar as respostas e publicar o segundo edital, já com estimativas de prazo e valor e especificações do navio, entre outros dados.

Até julho, deverá ser conhecido o nome do consórcio vencedor para início imediato da construção do navio, com a mobilização do estaleiro chileno, treinamento de pessoal do estaleiro brasileiro, transferência de tecnologia. “Tudo começa imediatamente”.

Veículos militares

Marcellus Ferreira Pinto anunciou também hoje (2) a construção de uma fábrica de veículos militares no Brasil. Liderado pela empresa norte-americana Von Suckow Tactical (VST), da qual a VSK Tactical BR é subsidiária, o projeto de implantação da fábrica será executado em parceria com o Departamento de Estado Norte-americano e homologado pelo Centro de Avaliações do Exército nacional (Caex). A construção será feita em parceria com empresas brasileiras.

A primeira unidade da Divisão de Veículos Militares da Jeep será construída na Bahia, provavelmente no município de Camaçari, com custo estimado de cerca de US$ 50 milhões, ou R$ 200 milhões, para a linha de montagem. “Vai ser a primeira fábrica de ‘jeeps’ militares na América do Sul”.

Uso exclusivo

Os veículos construídos nessa fábrica serão para uso exclusivo militar, abrangendo aí as Forças Armadas brasileiras, as Polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil e Militar e a Guarda Municipal, entre outras instituições. “É um veículo de uso do Estado”. Embora civis não possam ter acesso ao veículo, poderão ser beneficiados órgãos de fiscalização, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O veículo terá ainda condição de participar de operações na Amazônia.

Serão fabricados seis modelos da família jeep. A capacidade inicial da fábrica é para montagem de 60 veículos por mês, mas, de acordo com Ferreira Pinto, poderá ser ampliada e chegar a até 200 veículos/mês, “por uma questão de mercado”.

A meta é iniciar a produção em até 10 meses, o que resultará na geração de 50 empregos diretos e 200 indiretos. Na segunda etapa, o plano inclui a criação de um polo técnico-militar, para o qual já há contratos assinados para implantação de uma fábrica de armas, uma de nanotecnologia militar e outra montadora, voltada para veículos blindados pesados.