Os moradores do lar de acolhimento para a população LGBTI Casa Nem, no Rio de Janeiro, conseguiram negociar um local provisório para aguardar a cessão de um prédio da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). O abrigo ocupava um prédio abandonado em Copacabana desde o ano passado, porém os proprietários do imóvel conseguiram uma decisão judicial para a reintegração de posse, que foi cumprida hoje (24) com a presença da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Voltada para LGBTIs vulneráveis e em situação de rua, a Casa Nem ficará provisoriamente em uma escola estadual no bairro de Copacabana. O abrigo provisório foi possível após reivindicação dos moradores, que temiam os riscos de ficar desabrigados em meio à pandemia de covid-19 e buscavam uma realocação pacífica para outro endereço.
Em um vídeo publicado hoje nas redes sociais do projeto, a coordenadora da Casa Nem, Indianare Siqueira, reforça que o acordo para deixar o prédio em Copacabana e seguir para o endereço provisório foi assinado com representantes da Prefeitura do Rio e da OAB-RJ. “Depois de uma luta de cinco anos, a Casa Nem, enfim, terá o seu espaço”, disse. “Esse serviço, nesse momento de pandemia que atravessamos, continuará sendo realizado pela Casa Nem”.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação confirmou que, “atendendo a pedido da Secretaria de Habitação do Rio de Janeiro, disponibilizou uma escola pública estadual, também em Copacabana, para que os moradores da Casa Nem possam se estabelecer provisoriamente, enquanto o imóvel cedido pela Prefeitura do Rio não estiver pronto para recebê-los”.
O imóvel prometido à Casa Nem fica em Laranjeiras, também na zona sul do Rio de Janeiro, e foi oferecido pela Secretaria Municipal de Urbanismo após mediação da Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio (Ceds). A coordenadoria, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, a Arquidiocese do Rio de Janeiro e a Superintendência de Políticas LGBT do governo estadual vem discutindo uma solução para abrigar a população da Casa Nem, que está sob ameaça de despejo desde 18 de junho, quando foi expedido mandado de reintegração de posse.
No último dia 14, Indianare Siqueira visitou o prédio oferecido pela SMU e avaliou que o espaço atende às necessidades da Casa Nem. Além de abrigar dezenas de pessoas, o lar de acolhimento realiza atendimentos e oferece oficinas e cursos.
A reivindicação que resultou na transferência da Casa Nem para um endereço provisório se deu com o apoio de um protesto em frente ao prédio que era ocupado pelo abrigo. O cumprimento da reintegração de posse contou com a presença de policiais militares do 19º BPM (Copacabana), com apoio de equipes do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Um homem que portava e utilizava um megafone chegou a ser conduzido para a delegacia, o equipamento foi apreendido, e ele foi liberado.
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