Ainda na estrada, apresentando o primeiro álbum independente, lançado na semana da Consciência Negra, a cantora Dhi Ribeiro esbanja bom humor e desafia: “Eu escolhi tudo. Se vai ser bom, ou se não vai ser bom, a culpa é minha”, disse aos risos. Em entrevista ao programa Impressões, da TV Brasil, que vai ao ar nesta segunda (2), às 21h. Dhi contou como foi a construção deste projeto que ficou dois anos na gaveta, aguardando o momento certo para ser entregue ao público da sambista.
O DVD Leme da Libertação leva o nome de uma das 23 músicas que compõem o álbum. “A partir do Leme da Libertação veio a ideia do trabalho completo, do projeto todo. Vieram chegando músicas para mim que falavam desse assunto. E eu fui também pesquisando”, disse.
A gravação estava pronta já em 2017, mas Dhi foi convidada para participar do reality show The Voice Brasil, ao lado de nomes como Carlinhos Brown, e decidiu aproveitar a nova oportunidade e adiar por mais tempo a divulgação de seu projeto.
O trabalho que agora já pode ser conhecido pelo público é repleto de abordagem sobre as raízes africanas, o amor, a força da mulher e a fé. Para Dhi, essas questões são pilares de sua vida. “Essa raiz negra é para gente saber sempre de onde você veio. Nunca esquecer de onde veio. A melhor coisa que existe é você saber o ponto de partida para tentar chegar em outro lugar”, disse, acrescentando outros ingredientes. “Sem fé, comigo não tem jeito. A fé me segura, me sustenta. E o amor, porque a gente precisa de amor para viver”, explicou.
Trajetória
Com uma trajetória de mais de 30 anos, a cantora que até então tinha apenas um álbum gravado – Manual da Mulher, lançado em 2009 – decidiu marcar a nova fase profissional à frente de todo um projeto. O desafio, contou ela à jornalista Katiuscia Neri, incluiu duas composições próprias, escritas em parceria com a irmã, Eli Ribeiro, e com o cantor Juninho Peralva.
Aos risos, ela admite ter gostado da experiência, mas assegura que não pretende abrir mão da carreira de intérprete. “Tem muita gente boa compondo nesse país. A gente tem um celeiro maravilhoso. Tanta gente boa compondo, para eu fazer qualquer coisinha. Prefiro gravar uma coisa bonita do que compor qualquer coisa só para dizer que estou compondo”, disse.
A cantora nasceu no Rio de Janeiro, foi criada em Salvador e é radicada em Brasília, para onde se mudou há mais de 25 anos. Ao longo do caminho profissional, Dhi cantou axé, música baiana e MPB. Hoje, fisgada pelo samba, afirma que não troca os ares da capital federal. Segundo ela, foi no planalto central que o samba a fisgou.
“Quando cheguei aqui, encontrei a facilidade de lidar com grandes violonistas de 7 cordas, cavaquinhistas, bandolinistas. Temos grandes músicos de harmonia. O samba me puxou e eu disse: É. Eu vou por aqui”, contou.