Cotidiano

Brasileira recebe prêmio "Defensoras Militares da Igualdade de Gênero"

Hoje (29) é o Dia Internacional dos Soldados da Paz das Nações Unidas, comemorado em homenagem à contribuição de mais de 1 milhão de homens e mulheres que serviram e servem como soldados da paz da Organização das Nações Unidas (ONU). A data foi escolhida para a entrega do prêmio Defensoras Militares da Igualdade de Gênero da ONU 2019. As contempladas são a brasileira Carla Monteiro de Castro Araújo, comandante que serve nas Forças de Paz da República Centro-Africana e a major indiana Suman Gawani, que recentemente completou sua missão no Sudão do Sul.

“Este prêmio é um reconhecimento pelo trabalho de equipe que envolve a força da Minusca (Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana) e o componente civil. É muito gratificante, para mim e para a missão, vermos as nossas iniciativas dando frutos”, afirmou Carla, ao saber do resultado do prêmio.

Carla entrou para o serviço de saúde da Marinha brasileira em 1997. Trabalhou por mais de dez anos como dentista. Depois trabalhou na Unidade Médica Expedicionária da Marinha, com gerenciamento de risco, controle e apoio à saúde. Ela se formou na Escola de Oficiais em 2012.

Desde abril de 2019, tem servido como conselheira de proteção e gênero na sede da Minusca. Lá, estabeleceu e conduziu treinamentos em aspectos relacionados a gênero e proteção. De acordo com a ONU, graças aos esforços dela, a missão aumentou significativamente o número de pontos focais de proteção de gênero e de crianças em suas respectivas localidades.

Suman Gawani

A major Suman Gawani entrou para o Exército indiano em 2011, quando se formou na Academia de Treinamento de Oficiais e se juntou às tropas de sinal do Exército. Ela é graduada em Engenharia de Telecomunicações no Colégio Militar de Telecomunicação e em Educação pelo Colégio de Pós-Graduação do Governo em Dehradun, na Índia.

Desde dezembro de 2018, quando foi designada para a Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (Unmiss), Suman orientou mais de 230 observadores militares da ONU em violência sexual relacionada a conflitos e garantiu a presença de mulheres observadoras militares em cada uma das equipes locais da missão. De acordo com a ONU, ela proporcionou apoio, orientação, conselho e liderança e ajudou a criar um ambiente adequado para os integrantes da Força de Paz da ONU.

“Qualquer que seja nossa função, posição ou nível, é nosso dever, enquanto integrantes das Forças de Paz, incorporar todas as perspectivas de gênero no nosso trabalho diariamente e apropriarmo-nos delas nas nossas interações com os colegas e também com as comunidades”, afirmou Suman Gawani.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “essas integrantes das Forças de Paz são poderosos modelos. Por meio do seu trabalho, elas trouxeram novas perspectivas e têm ajudado a construir confiança e segurança entre as comunidades onde servem. Com seu comprometimento e métodos inovadores, elas alcançaram um nível de excelência que é uma inspiração para todos os capacetes azuis em todo o mundo. Ao confrontarmos os desafios atuais, o trabalho delas nunca foi tão importante e relevante”, afirmou Guterres.

O Prêmio de Defensoras Militares da Igualdade de Gênero da ONU, criado em 2016, reconhece a dedicação e o esforço de um militar das Forças de Paz em promover os princípios da Resolução 1.325 da ONU sobre Mulheres, Paz e Segurança. Este ano, pela primeira vez, duas militares receberam o prêmio juntas. No ano passado, outra brasileira recebeu o prêmio. Foi Márcia Andrade Braga, a capitão de corveta brasileira, então membro da Minusca.

A homenagem aconteceu hoje (29), em uma cerimônia online presidida por Guterres. A data, o Dia Internacional dos Soldados da Paz das Nações Unidas, homenageia especialmente os mais de 3.900 que perderam a vida em missões, em alguns dos lugares mais perigosos e vulneráveis do mundo.

O tema da celebração deste ano é “Mulheres na Manutenção da Paz” e destaca o papel das forças femininas nas operações promovidas pela organização. “As mulheres têm melhor acesso às comunidades que servimos, permitindo-lhes melhorar a proteção de civis, promover os direitos humanos e reforçar o nosso desempenho em geral, embora representem apenas 6% do contingente militar, de polícia, de agentes de Justiça e de pessoal colocados no terreno”, afirmou Guterres, em vídeo divulgado nas redes sociais da ONU.