O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (27) que o Brasil vai manter uma relação pragmática com o governo do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández. “Nosso relacionamento com a Argentina vai ser pragmático sim, temos bom relacionamento comercial, no que depender de mim continuará”, disse Bolsonaro durante entrevista a jornalistas, em Manaus (AM).
Fernández venceu as eleições pela coalizão de esquerda Frente de Todos e sua vice é a senadora Cristina Kirchner, ex-presidente do país. Bolsonaro é crítico do kirchnerismo e apoiou a reeleição do presidente Maurício Macri, derrotado nas urnas nas eleições realizadas em outubro no país vizinho.
A posse do novo governo será em 10 de dezembro, em Buenos Aires, e Bolsonaro já designou o Ministro da Cidadania, Osmar Terra, para representá-lo na cerimônia.
Na segunda-feira (25), Bolsonaro já havia dito que espera que os acertos feitos pelo governo da Argentina, no âmbito do Mercosul, sejam mantidos por Fernández, como o acordo de livre comércio com a União Europeia, que ainda precisa ser ratificado pelos países membros dos blocos. Nos dias 4 e 5 de dezembro, será a última cúpula do ano dos chefes de Estado do Mercosul e a reunião do Conselho do Mercado Comum. Na ocasião, a Argentina ainda será representada por Maurício Macri.
Amazônia
O presidente Bolsonaro esteve, nesta quarta-feira, na capital amazonense para participar da abertura da 1ª Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus. Iniciativa da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e do Instituto de Inteligência Socioambiental Estratégica da Amazônia (Piatam), o objetivo do evento é mostrar a importância do polo para o desenvolvimento sustentável da floresta amazônica.
O evento vai até sexta (29) e conta com 130 stands para visitação, além de uma programação de palestras nas áreas de economia, negócios e sustentabilidade. A expectativa dos organizadores é atrair cerca de 40 mil pessoas nos três dias de feira.
Durante seu discurso, Bolsonaro voltou a citar a “cobiça” de países estrangeiros nas riquezas da região. “Estamos aqui no pedaço de terra mais rico do mundo em minerais, biodiversidade, água potável, grandes áreas e a cobiça existe sobre essa região e nós devemos nos preocupar com isso”, disse. “E a Zona Franca de Manaus veio exatamente para mostrar que a Amazônia é nossa, para integrá-la ao resto do nosso país”.
O presidente também defendeu novamente a abertura de áreas indígenas para a produção agrícola e a exploração mineral. “Quantos dentre vocês aqui são descendentes de índios, porque reservar-lhes os espeço dentro de uma terra onde você não possa fazer nada sobre ela? Eu quero, no que depender de mim e do nosso parlamento, nós queremos o índio fazendo dentro da sua terra exatamente o que o fazendeiro faz ao lado, possa inclusive garimpar”, disse Bolsonaro.
Por diversas vezes, o presidente já afirmou que o governo prepara um projeto para legalizar o garimpo no país, inclusive em terras indígenas. O Artigo 231 da Constituição Federal condiciona atividades minerais no território indígena à prévia autorização do Congresso Nacional e à concordância da população indígena que vive no território. Pela Constituição, as reservas tradicionais demarcadas são de “usufruto exclusivo” dos indígenas, incluindo as riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
Depois da cerimônia, Bolsonaro embarcou para Altamira, no Pará, onde participa da cerimônia de inauguração da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.