Cotidiano

Bolsa cai 30%, e dólar sobe 16% em março com pandemia de coronavírus

O agravamento da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus causou a deterioração do mercado financeiro em março. O dólar fechou o mês com alta de 15,92% e, em diversos momentos nas últimas semanas, atingiu o maior valor nominal (sem considerar a inflação) desde a criação do real. A bolsa de valores caiu 29,9% e teve o pior trimestre da história.

Hoje (31), o dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,194, com alta de R$ 0,012 (+0,23%). Esse é o segundo maior valor nominal da moeda norte-americana, só perdendo para o recorde de 18 de março, quando havia fechado em R$ 5,198. A divisa acumula alta de 29,44% em 2020, com muitos investidores comprando dólares para cobrir perdas no mercado financeiro.

Ao longo do dia a cotação chegou a bater em R$ 5,21, mas o Banco Central (BC) interveio no câmbio. No meio da tarde, a autoridade monetária vendeu US$ 755 milhões das reservas internacionais. No início da noite, o BC anunciou que rolará (renovará) integralmente US$ 4,9 bilhões de contratos de swap cambial – que equivalem à venda de dólares no mercado futuro – que venceriam em maio.

No mercado de ações, o dia foi marcado por perdas. O índice Ibovespa, da B3, a bolsa de valores brasileira, fechou esta terça aos 73.020 pontos, com baixa de 2,17%. No ano, o Ibovespa acumula queda de 36,86%. A bolsa brasileira seguiu o mercado de ações norte-americano. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou o dia com recuo de 1,84%.

No plano internacional, o mercado ainda reflete a prorrogação das medidas de restrições sanitárias nos Estados Unidos até o fim de abril. A indicação de que a recessão provocada pela pandemia será mais intensa que o previsto provoca turbulências em todo o planeta. No Brasil, os mercados também refletem a recessão já projetada pelo Boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, que prevê queda de 0,48% no PIB em 2020.

Petróleo

A intensificação da guerra de preços do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia também contribuiu para abalar o mercado. Os dois países estão aumentando a produção de petróleo, o que provoca uma queda mundial nos preços.

A decisão derrubou o preço do barril do tipo Brent para US$ 22,74, no menor nível desde 2002. As ações da Petrobras, as mais negociadas na bolsa, no entanto, subiram. Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) subiram 5,21% nesta terça. Os papéis preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) valorizaram-se 4,56%.