O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse hoje (20) que o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic, olha a tendência para a inflação e não a situação de curto prazo, que pode mudar muito rapidamente.
Ele destacou que a retirada da frase que indicava a possibilidade de elevação gradual da Selic em comunicados do BC não foi um acidente ou esquecimento do Copom.
Segundo Goldfajn, o risco de inflação abaixo do esperado aumentou, devido à ociosidade da economia. Ele acrescentou que, por outro lado, há riscos de aumento da inflação relacionados à frustração das expectativas de reformas na economia brasileira e à possibilidade de deterioração do cenário externo para economias emergentes. Entretanto, ele citou que houve um “arrefecimento” do risco de não serem feitas reformas, como a da Previdência, porque o futuro governo tem “mandado sinais positivos sobre a vontade de fazer as reformas”.
Para o Copom, apesar disso, os riscos de alta da inflação permanecem relevantes e seguem com maior peso na análise de cernários. Por isso, Goldfajn considera que, apesar de menos intensa, permanece a assimetria no balanço de riscos para a inflação.
Questionado se há espaço para queda da taxa Selic, atualmente, em 6,5% ao ano, Goldfajn disse que o BC precisa continuar a ter “cautela, perseverança e serenidade” em um cenário volátil.
Dólar
Goldfajn disse ainda que as atuais intervenções do BC no mercado cambial são uma reação ao “fluxos sazonais de finais de ano”, com aumento de remessas de lucros e dividendos de empresas no Brasil para o exterior. “O ano foi lucrativo para as empresas. É uma mais uma questão sazonal para dar liquidez em momentos em que há uma pressão maior por questão de remessas”, disse em entrevista para divulgar o Relatório de Inflação do quarto trimestre.