Cotidiano

Após prata no Pan, tênis de mesa feminino quer se garantir em Tóquio

A seleção feminina de tênis de mesa está, no momento, em Assunção, no Paraguai, disputando o Campeonato Pan-Americano. A competição serve de preparação para o evento mais importante da temporada: o Pré-Olímpico por equipes, no Peru, entre 25 e 27 de outubro. O torneio será em Lima, onde o time formado por Bruna Takahashi, Caroline Kumahara e Jéssica Yamada conquistou a prata nos Jogos Pan-Americanos.

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O Pan, aliás, foi a primeira experiência de Caroline e Jéssica jogando em dupla pela seleção após muito tempo. Juntas, elas venceram seus jogos contra México, Colômbia e Chile, e venderam caro as derrotas para parcerias de Estados Unidos, na semifinal, e Porto Rico, na decisão do ouro — de quem ganharam a revanche em Assunção na última terça-feira (3).

“A gente realmente não sabia como seria. O estilo de cada uma mudou muito, as adversárias eram diferentes também, mas conseguimos jogar bem. Fizemos frente à dupla com as duas mais fortes dos Estados Unidos e quase ganhamos (da dupla) de Porto Rico, que joga junto há muito tempo. O entrosamento é a coisa mais importante em uma dupla”, destacou Caroline.

“Nosso time tinha muito potencial para ganhar o ouro (no Pan). Foi uma pena, mas a prata foi muito boa. Na hora, fica meio frustrada, mas, quando se para e analisa o torneio, foi muito positivo. Foi nossa primeira vez juntas, como equipe”, completou Jéssica.

LIGAÇÃO ESPECIAL

O Pré-Olímpico de Lima garante a seleção campeã em Tóquio. As demais equipes terão que disputar um qualificatório mundial, que dá nove vagas nos Jogos, contra rivais da Europa e da Ásia — onde estão as potências do tênis de mesa.

Estar no Oriente para o mais importante evento do esporte será especial para a dupla. Caroline Kumahara é nissei, ou seja, filha de japoneses.

“O pouco que eu sei é que ele veio de navio com os irmãos, quando tinha quatro anos. Pelo que entendi, eles estavam meio que fugindo da guerra. A família decidiu vir para cá sem nada, sem lugar para ir. Meu pai não é muito de falar das histórias. Acho que foi muito sofrido, é o que minha irmã mais velha fala”, contou a mesatenista, que tem outra memória marcante do Japão: o título do equivalente à segunda divisão do Mundial por Equipes feminino, em 2014.

Jéssica Yamada é a quarta geração de uma família também de origem japonesa. Mas o carinho dela pelo país vai além da relação sanguínea.

“Em 2003, eu tive a oportunidade de passar três meses lá fazendo estágio pelo tênis de mesa. É engraçado, porque quando voltei, minha mãe disse que trocaram a filha dela (risos). É uma cultura muito bonita. Aprendi muito quando fui para lá, a dar mais valor às coisas que tenho, a respeitar o próximo. No começo foi muito duro, mas, quando entendi a mentalidade, a educação, a importância de se esforçar e dar o melhor, eu cresci muito”, descreveu.

RUMO À TÓQUIO

Além de assegurar a seleção na disputa por equipes em Tóquio, o título do Pré-Olímpico garante duas vagas ao país na disputa individual. Atualmente, Bruna Takahashi é a brasileira mais bem colocada no ranking mundial (53ª), seguida por Jéssica (154ª) e Caroline (294ª). A concorrência entre elas, porém, não preocupa as atletas no momento.

“Na minha cabeça, é uma disputa saudável. Todas estamos brigando pelo mesmo objetivo, tentamos evoluir… Claro, ali na mesa, todas querem ganhar, mas vejo que uma vai puxando a outra. O Pré-Olímpico individual é em fevereiro, então o foco agora é classificar a equipe para Tóquio”, comentou Jéssica.

“Agora não tem disputa interna. É unir forças, como fizemos no Pan. Temos que continuar unidas, uma completando a outra, e dar o máximo como equipe. Depois, a gente vê o individual”, concluiu Caroline.