Após dois anos, processos da boate Kiss ainda estão longe do fim

Dois anos após o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, não há culpados nem punidos pela tragédia. A complexidade do caso, que deixou 242 mortos e cerca de 600 feridos, é o principal entrave para a Justiça.
Atualmente, o processo criminal está em fase de instrução processual. Nessa etapa, são ouvidas as testemunhas de defesa e acusação. Ao seu final, terão sido ouvidas 74 pessoas. Existem 57 volumes com o total de 12,5 mil páginas redigidas sobre o processo.
Embora tenha sido iniciada em maio de 2014, essa ainda não tem previsão de conclusão.  O juiz responsável pela condução dos trabalhos na comarca de Santa Maria, Ulysses Fonseca Louzada, está em férias e retorna em fevereiro, quando serão retomadas as audiências. As testemunhas serão ouvidas até março deste ano. Uma reconstituição da noite da tragédia não foi descartada pelo juiz.
Após a volta do magistrado, devem ser ouvidas cinco testemunhas, todas referentes à defesa de Elissandro Spohr, sócio da danceteria. Também são processados o outro sócio, Mauro Londero Hoffmann, e os músicos da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Todos os acusados por homicídio doloso respondem em liberdade.
Como não há previsão de finalização dessa etapa de instrução processual, não é possível estipular quando Louzada irá proferir a sentença. Assim, não se pode precisar se e quando os réus vão a júri. Após todas as testemunhas serem ouvidas, também irão se pronunciar os acusados. Concluídas ambas as etapas, o juiz profere a sentença – tal qual ocorre em qualquer processo penal que envolva crime doloso, não apenas no caso da Boate Kiss.
A sentença de pronúncia não põe fim ao processo. Nela, o juiz decide se existem indícios de crime doloso contra a vida e, por isso, os acusados podem ir ao tribunal do júri. Essa sentença pode ser pela absolvição sumária, pela desclassificação do crime, pela impronúncia, ou pela pronúncia. Caso sejam pronunciados, os réus irão a júri popular. Devido à complexidade do caso, no entanto, a acusação pode apresentar novas provas na fase de instrução.