Após ataques no Oriente Médio que deixaram milhares de vítimas nos últimos meses, o grupo jihadista Estado Islâmico lançou pela primeira vez uma série de atentados no coração do Ocidente, na cidade de Paris (França), na última sexta-feira, dia 13, disseminando a política do terror entre a população local.
Tanto a imprevisibilidade do ataque, como sua extensão e extrema violência são fatores que levam ao desespero e pânico, não somente dos franceses, como dos europeus em geral. Diante das dimensões dos atentados eles se sentem vulneráveis, não sabendo se podem ser alvos de novas ações. E esse é exatamente o sentimento que grupos terroristas como o EI querem criar.
O professor de Relações Internacionais da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Guilherme Casarões, destacou que, pela primeira vez, o grupo lançou de fato uma ação coordenada dentro da Europa. Apesar de atacar um avião russo recentemente, deixando 224 mortos, desta vez foi mais assustador para os europeus, pois eles sentiram o perigo mais próximo, no quintal de casa.
Segundo ele, a estratégia dos terroristas é causar pânico para atingir um objetivo. “O terrorismo se instala onde não está sendo esperado”. Ele ainda destacou que o pânico causado na França vai repercutir por muito tempo. “Causou um desconforto muito grande para os próximos meses”. “O atentado pode não ter sido decisivo, mas o sentimento coletivo de pânico se instaurou na sociedade francesa”.
Nesses moldes, ele exemplificou que o atentado de 11 de setembro, nos Estados Unidos, causou um terror entre os norte-americanos que perdura até hoje.
O cientista político e professor de Relações Internacionais da FGV Heni Ozi Cukier explicou que o terrorismo “funciona na base de ações teatrais, grandiosas e escandalosas, pois causam pânico e terror”, surpreendendo as pessoas.
Segundo ele, um novo ataque nestes moldes, seria o ápice do terror na França. “O terrorismo não faz distinções de temas, usa todas as oportunidades para cometer atos de violência”, concluiu.
Cotidiano