Cotidiano

Agrônomo diz que agricultor preserva um quarto do território nacional

“Não tem uma categoria profissional no Brasil que preserve mais o meio ambiente do que o produtor rural”, garantiu o agrônomo Evaristo de Miranda, coordenador do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu...

“Não tem uma categoria profissional no Brasil que preserve mais o meio ambiente do que o produtor rural”, garantiu o agrônomo Evaristo de Miranda, coordenador do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em uma das exposições mais aplaudidas durante a sexta edição do Fórum de Agricultura da América do Sul, que ocorre em Curitiba, Miranda se dedicou a “desmistificar” acusações de que o setor é uma ameaça ao meio ambiente.

Em um dos últimos debates do evento, na manhã de hoje (24), o agrônomo apresentou gráficos e bancos de dados alimentados pela Embrapa, que apontam que um quarto do território brasileiro é preservado pelos agricultores. “Qual a categoria do Brasil dedica seu patrimônio pessoal, privado e mobiliza R$ 3 trilhões para o meio ambiente? É uma poupança não remunerada que ainda gera custo para ser mantida e, se pegar fogo, a culpa é sua, se roubarem madeira você é o responsável.”, assegurou.

Miranda afirmou que, somado às áreas protegidas – mais de 1,8 mil unidades de conservação e outras áreas indígenas – e terras devolutas, o total do território preservado no Brasil ultrapassa os 66% do total. “E a lavoura ocupa 7,8%. Essa parcela para toda a produção de cana, de soja, de milho”, disse. Segundo ele, as áreas de pastagens também vem decrescendo, assim como o volume de rebanho.

Apenas as áreas protegidas, segundo o pesquisador, representam 30% do território nacional, enquanto países europeus e os Estados Unidos, entre outros, preservam 10%. “Ser acusado de não proteger suas florestas é um absurdo”, criticou. Para ele, as pressões internacionais sobre essa questão se baseiam em interesses de produtores de outras economias que tentam se proteger da potencialidade do território brasileiro.

Florestas

A questão ambiental também foi discutida como um contraponto ao agronegócio de base florestal. Também da Embrapa, o pesquisador Erich Gomes Schaitza disse que o setor precisa buscar “um jeito do manejo da floresta gerar dinheiro”. Além da manutenção das florestas atuais, o engenheiro florestal defendeu a adoção de um reflorestamento dentro de um modelo inteligente, que gere recursos para o produtor.

“Estamos entrando em uma era de produtos verdes. O mundo fala de economia verde na mudança de um paradigma de produção, que substitui petróleo por recursos naturais”, lembrou. Para ele, o primeiro ponto de agregação de valor à indústria florestal está na bioenergia. Schaitza citou exemplos como o da Ambev, que comprou mais de 1,2 mil caminhões elétricos, e o da Noruega, que se comprometeu a banir carros à combustão até 2025, fazendo um paralelo com os veículos, equipamentos e maquinários usados no campo.

“A questão está posta. Vamos começar a entrar em um processo de transformar mobilidade baseada em petróleo por mobilidade de biogás. Precisamos pensar em mesclar as formas de energia à disposição da agricultura para ter uma estrutura sustentável das propriedades. Temos grande oportunidade para o setor agrícola de pensar energias de forma diferente”, disse.

O Fórum de Agricultura da América do Sul que começou na manhã de ontem (23) na capital paranaense termina no início da tarde de hoje (24). Mais de 40 especialistas e profissionais das principais cadeias produtivas do agronegócio, representando mais de 15 países, se revezaram em debates voltados para um público de mais de 400 pessoas ao longo dos últimos dois dias.

* A repórter viajou a convite do Fírum de Agricultura da Amárica do Sul