Cotidiano

Comandante do CPC nega que Força Nacional atue somente nos bairros nobres

O comandante do Policiamento da Capital, coronel Mário Ikeda, negou nesta quarta-feira (14) a informação que os agentes da FNSP (Força Nacional de Segurança Pública) atuam somente nos bairros nobres de Porto Alegre. Conforme Ikeda, os policiais militares também trabalham nos bairros periféricos ou em zonas conflagradas de Porto Alegre com índices elevados de criminalidade.

Em entrevista ao programa Governo em Rede da Rádio Web do Palácio Piratini, o coordenador da operação entre Brigada Militar e Força Nacional afirmou que os 136 agentes nacionais efetuam prisões, apreendem armas e drogas, trabalham em todos os turnos e fazem policiamento ostensivo em áreas estratégicas, incluindo regiões de vulnerabilidade.

Duas semanas após a chegada do reforço, o comandante disse que a presença dos agentes de outros estados resultou em redução dos indicadores de criminalidade e aumento da sensação de segurança. No entanto, balanço oficial deve sair apenas no final do mês. Ikeda também tratou de temas como homicídios associados ao tráfico, despenalização das drogas, aumento do rol de crimes afiançáveis, retrabalho policial e necessidade de reformulação do sistema carcerário.

Força Nacional na periferia

O coronel explicou que a primeira semana de atividades foi dedicada apenas ao reconhecimento da cidade. “A partir da segunda semana, quando os agentes já estavam adaptados à cidade, as prisões se iniciaram e têm ocorrido diariamente, incluindo zonas periféricas e onde for necessário”, informou. Outra dúvida da população era a de que os policiais não dariam voz de prisão. “Todos são policiais militares e, embora de fora do Rio Grande do Sul, têm o mesmo poder de polícia que os demais. A cada dia, eles prendem mais pessoas e apreendem armas e carros roubados”, esclareceu.

Tráfico e homicídios

De acordo com Ikeda, o aumento da criminalidade está diretamente associado ao consumo de drogas e à disputa das facções. Para o comandante, os números de homicídios ligados ao tráfico são o principal problema de Porto Alegre, representando mais de 50% dos casos. “É o crime que mais incomoda a população, principalmente quando sai da periferia e vem para as áreas centrais. Observamos que tanto a vítima quanto o autor são criminosos reincidentes, com passagem pelo sistema prisional e que foram devolvidos à sociedade sem cumprir penas”, avaliou.

Despenalização das drogas

A despenalização da posse de drogas para consumo próprio em 2006 e o aumento do rol de crimes afiançáveis em  2011 também foram determinantes no incremento dos homicídios. “Antes, apreendíamos pequenas quantidades de maconha. Hoje, se encontra tijolo de um quilo em mochila de pessoas andando normalmente pelas ruas. O consumo está mais livre, aumentando o tráfico e a disputa pelo espaço”, analisou. “Também cresceram os crimes conexos. Quando precisamos investir, economizamos. O criminoso não, ele comete roubos para ampliar o caixa e comprar mais droga, gerando tráfico e crimes relacionados”, acrescentou.