Em uma época não muito distante, todos os softwares, hoje conhecidos como apps ou aplicativos, possuíam um período de teste para que os usuários testassem suas funcionalidades, percebessem seu valor e decidissem se valia a pena comprá-los ou não.
Hoje, tal estratégia comercial é mais incomum, mas ainda existem resquícios. Um exemplo são as rodadas grátis oferecidas pelos cassinos online. Entenda neste artigo a relação entre essas duas ações de marketing e como os apostadores podem aproveitar essas ofertas.
O que são rodadas grátis?
Antes de seguirmos, é importante alinhar alguns termos. Se você é novo no mundo das apostas, talvez não saiba muito bem o que é uma rodada ou um giro grátis.
Essa oferta tem suas origens nas clássicas máquinas de slot, ou caça-níqueis, como são chamadas popularmente no Brasil.
Devido à sua proeminência na cultura popular, por som, qualidade gráfica e mística, esses jogos são o carro-chefe de qualquer empresa no ramo de apostas, sejam os cassinos da Strip, em Las Vegas, ou uma plataforma online.
É claro que outros fatores também contribuem, como, por exemplo, o seu baixo custo por aposta, a variedade de temas disponíveis e o tempo que dura uma rodada.
Levando em conta todas essas questões, o mercado de iGambling criou uma forma de promover seus serviços utilizando a popularidade desses jogos: as rodadas grátis.
Em linhas gerais, as rodadas grátis nada mais são do que uma oferta dos cassinos online para que usuários interessados em conhecer a plataforma testem alguns jogos de slot gratuitamente. Normalmente, elas são oferecidas em conjunto com outras promoções ou em ações publicitárias de grandes provedoras de jogos de cassino.
O que é um teste grátis?
Agora que já entendemos o que é uma rodada grátis, chegou a hora de entendermos o que é um teste gratuito ou free trial.
Como já citado anteriormente, os testes gratuitos nada mais eram do que uma estratégia comercial das empresas de software no início da internet para disseminarem seus produtos. Vale lembrar que, durante os anos 90 e 2000, computadores pessoais e o acesso à internet não eram tão populares como hoje.
Sendo assim, era necessário educar o público sobre as vantagens de um novo programa, diferentemente de como é hoje, quando os benefícios e as formas de utilização de um aplicativo são claros logo de início.
Imagine, por exemplo, que você é um artista tradicional que se interessou pelas vantagens da criação digital. Se antes tudo que produzia passava pelo manuseio de canetas e pincéis, acaba de descobrir que pode realizar grande parte do trabalho digitalmente utilizando um software novo, como o Photoshop.
Entretanto, para utilizá-lo, precisaria comprar a licença desse produto. Como a barreira de entrada é grande, a estratégia desenvolvida pelas empresas criadoras do programa era clara: deixar que os interessados testem a funcionalidade e depois paguem por ela.
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Dessa estratégia nasceu o modelo de venda em que os usuários testavam, por determinado período, um software e depois eram “vetados” de continuar utilizando, a não ser que comprassem uma licença. Na indústria, o jargão para isso é teste grátis, free trial ou até período de experimento.
Com o passar do tempo e as mudanças estruturais que tivemos na popularização dos computadores, celulares e tablets como ferramentas tradicionais de trabalho, esse modelo acabou se tornando defasado.
Atualmente, poucos são os programas, softwares e apps que utilizam essa estratégia. Alguns optaram por modelos comerciais como os “freemiums”, em que grande parte das funcionalidades é gratuita e outras são pagas, os softwares do tipo SaaS, em que se paga periodicamente pelo uso, entre outros.
A prática não se restringia aos softwares. Antes, era possível encontrar diversas ações promocionais de videogames em que trechos dos jogos eram disponibilizados e podiam ser testados, convites iniciais eram distribuídos para redes sociais e até mesmo sites de vendas disponibilizavam prêmios gratuitos para mostrar como funcionavam suas estruturas.
A semelhança entre rodadas grátis e testes grátis
Agora que entendemos como os testes grátis eram utilizados por grande parte da indústria de tecnologia, podemos tratar da semelhança entre eles e as rodadas grátis.
Resumidamente, as rodadas gratuitas não são nada mais do que uma forma encontrada pela indústria para levar novos usuários a testar máquinas de slot e descobrir se gostam de aproveitar seu tempo de lazer nesse tipo de jogo. Expandindo o tema, as coisas ficam um pouco mais complexas.
É importante relembrar o contexto cultural que o setor de apostas encontrou no Brasil: quase oito décadas criminalizado, restrito às camadas da sociedade com maior poder aquisitivo, que podiam viajar para fora para conhecer esses serviços, e indo contra a maré do estigma social.
Inicialmente, as marcas de cassino online optaram por bancar sua entrada no mercado nacional utilizando o glamour das apostas ao redor do mundo. Frustradas, perceberam que o brasileiro necessitava de outros apelos para se engajar com esse novo serviço de entretenimento, recém-regulamentado no país.
A aposta clara para disseminar a mensagem foi o futebol. Como paixão nacional e mobilizador das massas, ele trouxe relevância para a indústria e a colocou no centro das discussões. Todavia, há um abismo entre saber que algo existe e se tornar um consumidor dele.
Era necessária uma estratégia em que as objeções relacionadas ao serviço fossem retiradas. Entre elas, o custo associado a conhecer algo novo era o principal.
Como as máquinas caça-níqueis são um dos jogos mais populares em todo o mundo, possuem um custo baixo por rodada e retornos menores e menos frequentes, por que não oferecer um combo de rodadas grátis para que os usuários testassem diversas máquinas e conhecessem seu potencial de diversão, sem a necessidade de pagamento? A lógica funciona.
Hoje, as rodadas grátis são uma das principais formas de trazer novos usuários para testar uma plataforma de apostas online. É uma via de mão dupla: elas oferecem a possibilidade de encantamento com algo novo a usuários que talvez não o fizessem pagando, enquanto trazem novos consumidores em potencial para as plataformas online.
