MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Bebidas sem álcool ganham espaço em bares e gôndolas

A transformação é puxada, principalmente, pela Geração Z, que adota um estilo de vida mais consciente.

Fabiano Zettel é fundador e CEO da Moriah Asset. Crédito: Divulgação
Fabiano Zettel é fundador e CEO da Moriah Asset. Crédito: Divulgação

O mercado de bebidas sem álcool não para de crescer e já se tornou uma das maiores tendências de consumo no Brasil e no mundo.

O movimento reflete uma mudança clara no comportamento dos consumidores, que buscam mais saúde, bem-estar e equilíbrio, sem abrir mão do convívio social.

Mercado em expansão acelerada

Dados da consultoria IWSR apontam que o setor de bebidas não alcoólicas cresce 7% ao ano globalmente, enquanto no Brasil esse crescimento chega a 10% ao ano, três vezes mais rápido que o segmento de bebidas alcoólicas.

A expectativa é que esse mercado adicione mais de US$ 4 bilhões ao ano até 2028. O país já ocupa a posição de segundo maior mercado de cervejas sem álcool do mundo, ficando atrás apenas da Alemanha, segundo a WBA (World Brewing Alliance).

Mudança no comportamento dos jovens

A transformação é puxada, principalmente, pela Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), que adota um estilo de vida mais consciente.

Relatórios como o Covitel 2023 mostram que o consumo de álcool nessa faixa etária caiu significativamente nos últimos anos.

Segundo o levantamento, o percentual de jovens brasileiros que consomem álcool três ou mais vezes por semana caiu de 10,7% (pré-pandemia) para 8,1% em 2023.

Outro estudo da Mind & Hearts aponta que 36% da Geração Z bebe no máximo uma vez por mês, o que representa um comportamento muito mais moderado em comparação com gerações anteriores.

Bares, supermercados e marcas seguem a tendência

Não são apenas as prateleiras dos mercados que estão se adaptando. Bares e restaurantes em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília estão ampliando suas cartas de drinks não alcoólicos.

Locais como Belô, Guilhotina, MoMa, BEC Bar e a premiada Casa do Porco já oferecem coquetéis elaborados, livres de álcool, seguindo a tendência global observada em metrópoles como Londres e Nova York.

Além disso, marcas nacionais como Nulla (gin)La Dorni (vinhos)Etapp e Cervejaria Campinas têm se destacado no mercado, assim como as versões zero álcool de gigantes como Heineken, Corona e Guinness.

Oportunidade para o Brasil

O cenário brasileiro é ainda mais promissor devido à sua biodiversidade, que oferece matérias-primas ideais para bebidas botânicas, além da sólida expertise no agronegócio e um consumidor cada vez mais aberto à inovação.

A tendência não é passageira. Ela reflete uma mudança cultural profunda, que une saúde, consciência e um novo jeito de se relacionar com o consumo — tanto em bares, quanto em momentos de lazer e no dia a dia.