Os corpos de 410 civis foram encontrados na região de Kyiv recentemente libertada das tropas russas pelas forças ucranianas, informou neste domingo (3) a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova. Durante um programa transmitido em vários canas de TV na Ucrânia, Venediktova revelou que “os peritos forenses já examinaram 140 deles”.
O número total foi divulgado após o prefeito de Butcha, Anatoly Fedoruk, revelar que quase 300 de seus moradores foram enterrados em valas comuns pelo Exército russo.
“Isto é genocídio. A eliminação de toda a nação e do povo”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ao programa “Face the Nation”, do canal CBS, que foi exibido neste domingo (3). “Somos os cidadãos da Ucrânia. Nós temos mais de 100 nacionalidades. Isso é a destruição e extermínio de todas essas nacionalidades”, acrescentou.
A Rússia afirma, no entanto, que não cometeu os assassinatos e chamou a divulgação das notícias de “provocação”. “As fotos e vídeos de Butcha são outra performance encenada pelo regime de Kyiv para a mídia ocidental”, diz o Kremlin.
O governo de Moscou diz que as tropas russas saíram da cidade em 30 de março, o que teria sido confirmado no dia seguinte pelo prefeito, mas que só agora surgem as denúncias de massacre.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, rechaçou as acusações “categoricamente” e afirmou que “especialistas” do Ministério da Defesa encontraram sinais de “manipulação dos vídeos” divulgados pela Ucrânia. Já o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, denunciou uma suposta “encenação do Ocidente” e do governo ucraniano nas redes sociais.
“Possíveis crimes de guerra”
A alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse nesta segunda-feira (4) que há sinais de “possíveis crimes de guerra” em Butcha.
“Os relatos que surgem dessa e de outras áreas levantam sérios e inquietantes questionamentos sobre possíveis crimes de guerra, graves violações do direito internacional humanitário e graves violações dos direitos humanos”, afirmou Bachelet.
Corredores humanitários
Hoje, a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, havia informado que a expectativa é de que o trabalho de evacuação de civis com a ajuda da Cruz Vermelha de Mariupol continuasse, com um ônibus tentando se aproximar da cidade sitiada pelas tropas russas.
No entanto, a chefe da unidade de crise de Lviv, Nataliya Smikh, disse à ANSA que “os corredores humanitários para a chegada de alimentos e evacuações em Mariupol e Kharkiv estão bloqueados e o de Odessa funciona a 50%”.