Após duas semanas de guerra, as Forças Armadas da Rússia iniciaram nesta sexta-feira (11) ofensivas contra cidades do oeste da Ucrânia, que até agora vinha sendo poupado dos bombardeios. Explosões foram registradas em Ivano-Frankivsk e Lutsk, que ficam, respectivamente, a 130 e 150 quilômetros de Lviv, metrópole considerada a “capital cultural” do país e destino de dezenas de milhares de deslocados internos nas últimas semanas.
A Rússia confirmou os bombardeios, afirmando que foram efetuados ataques com mísseis de “longo alcance e alta precisão” contra “pequenos aeroportos”. Em Lutsk, a Prefeitura pediu para os cidadãos procurarem abrigos antibombas e contabilizou a morte de pelo menos dois soldados. “Hoje, às 5h45 [0h45 em Brasília], houve três explosões. Três mísseis atingiram nosso aeroporto”, declarou o prefeito Ihor Polishchuk.
As operações desta sexta indicam um avanço da Rússia para a parte ocidental da Ucrânia, após duas semanas de combates concentrados no leste, na costa do Mar Negro e do Mar de Azov, em Kharkiv, segunda cidade mais populosa do país, e nos arredores da capital Kiev.
Além disso, a ofensiva levanta o temor de possíveis ataques contra Lviv, que virou refúgio de ucranianos de outras partes do país e se tornou sede de embaixadas estrangeiras nas últimas semanas.
Em outra frente, a Rússia atacou a cidade de Dnipro, no centro da Ucrânia e que também não tinha sido bombardeada até esta sexta. Segundo fontes locais, três explosões atingiram uma fábrica de calçados, uma creche e um condomínio.
Além disso, milícias pró-Rússia de Donbass reivindicaram a tomada de Volnovakha, 65 quilômetros ao norte de Mariupol, que está cercada pelos invasores há quase duas semanas. Em Kharkiv, as autoridades ucranianas denunciaram um ataque contra um instituto de tecnologia e física que abriga reatores nucleares experimentais.
Já em Mariupol, uma das cidades mais assediadas pelas tropas russas, mais de 1,2 mil corpos foram retirados das ruas e começaram a ser enterrados em valas comuns “O mundo deve saber: estamos enfrentando um Estado terrorista”, disse o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em um novo vídeo.
De acordo com a ONU, a guerra na Ucrânia já gerou mais de 2,5 milhões de refugiados, sendo que mais da metade dessas pessoas (1,5 milhão) fugiu para a Polônia. Já a Rússia afirma que mais de 220 mil indivíduos foram evacuados para seu território a partir de Donbass e do restante da Ucrânia – as Nações Unidas dizem que o número de refugiados ucranianos na Rússia é de cerca de 106 mil.