Um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado nesta segunda-feira (7), apontou que 36.096 indígenas vivem no Rio Grande do Sul. Eles fazem parte da população de 1.693.535 integrantes dos povos originários brasileiros, dos quais mais da metade mora na Amazônia Legal.
O total de habitantes indígenas do RS corresponde a 0,33% da população gaúcha. As comunidades com mais de 1 mil habitantes oriundos dos povos originários no Estado são a da Guarita (6.221), da Serrinha (2.183), Inhacorá (1.234) e Ligeiro (1.097).
Em relação ao Censo 2010, a pesquisa divulgada hoje apontou uma ampliação de 88,82% da população indígena no País. Segundo o IBGE, esse aumento, tido como expressivo, pode ser explicado também por mudanças metodológicas da pesquisa. A Região Sul, no entanto, teve a menor variação entre as regiões, com 9,3 mil pessoas indígenas a mais.
Abrangência
A responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, explica que a ampliação, para fora das terras indígenas, da pergunta “você se considera indígena?”, foi uma das explicações para o aumento deste contingente populacional.
No RS, por exemplo, mais da metade das pessoas que se consideraram indígenas no Censo 2022 não habitam nas comunidades. Essa metodologia levou à constatação, ainda, de que a maioria dos indígenas brasileiros vive fora das terras indígenas. Conforme a pesquisa do IBGE, 622,1 mil (36,73%) residem em Terras Indígenas e 1,1 milhão (63,27%) fora delas.
O IBGE explica que, em 2022, houve a extensão dessa pergunta de cobertura para outras localidades indígenas, que incluem outros territórios além daqueles oficialmente delimitados pela Funai. Estes agrupamentos indígenas identificados pelo IBGE e as outras localidades indígenas são ocupações domiciliares dispersas em áreas urbanas ou rurais com presença comprovada ou potencial de pessoas indígenas.
Outro dado relevante é que houve aumento no número de Terras Indígenas, passando de 505 para 573 entre 2010 e 2022.
Dimensão demográfica e políticas públicas
O IBGE destacou em sua nota a importância de um estudo como este publicado hoje. Sobre a metodologia responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, pondera que “só com os dados por sexo, idade e etnia e os quesitos de mortalidade, fecundidade e migração será possível compreender melhor a dimensão demográfica do aumento do total de pessoas indígenas entre 2010 e 2022, nos diferentes recortes”, diz.
Na mesma linha, o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, Fernando Damasco, afirma que “esse é um recorte importante não só para os órgãos indigenistas planejarem e executarem as políticas públicas direcionadas às terras indígenas, mas também porque revela uma demografia específica da população residente nessas áreas. Por isso ela precisa ser investigada e analisada em separado”, conclui.