OPERAÇÃO MURDER INC.

PF prende três suspeitos de mandar matar Marielle Franco

Vereadora da cidade do Rio de Janeiro e motorista foram mortos em março de 2018.

Marielle Franco na Câmara dos Vereadores do Rio. (Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio)
Marielle Franco na Câmara dos Vereadores do Rio. (Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio)

A Polícia Federal prendeu neste domingo (24) três suspeitos de serem os mandantes da morte da vereadora Marielle Franco, em março de 2018. Estão presos Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do RJ; o irmão dele, Chiquinho Brazão, deputado federal do RJ, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ, nomeado para o cargo um dia antes do crime. Eles também são investigados por tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.

Ao todo, a PF cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), todos na cidade do Rio de Janeiro. A ação conta com a participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

A prisão dos suspeitos ocorre menos de uma semana depois que do STF homologar o acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, executor dos assassinatos. Por causa do deputado federal Chiquinho Brazão, que tem foro privilegiado, o caso passou a ser conduzido na Suprema Corte sob comando do ministro Alexandre de Moraes.  

A morte da vereadora causou perplexidade e indignação. Em seis anos, a investigação do duplo homicídio teve várias teses, suspeitos e presos. A polícia conseguiu chegar em quem executou a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Cinco delegados assumiram o caso, mas foram removidos da liderança do inquérito ao avançar na busca dos mandantes. O caso foi reaberto, com uma investigação da Polícia Federal, em fevereiro de 2023.

“Foram 5 delegados que comandaram as investigações do inquérito do assassinato da Marielle e do Anderson, e sempre que se aproximavam dos autores eram afastados. Por isso demoramos seis anos para descobrir quem matou e quem mandou matar. Agora a Polícia Federal prendeu os autores do crime, mas também quem, de dentro da polícia, atuou por tanto tempo para proteger esse grupo criminoso”, afirmou Marcelo Freixo, amigo de Marielle e, à época do crime, deputado estadual do Rio de Janeiro.

O que dizem os citados

Domingos Brazão disse, em entrevista ao UOL em janeiro deste ano, que não conhecia e não lembrava da vereadora Marielle Franco.

Já Chiquinho Brazão havia divulgado nota no dia 20 de março, depois que a acusação de ser o mandante vazou na imprensa. A nota diz que ele estava “surpreendido pelas especulações” e afirmou que o convívio com Marielle sempre foi “amistoso e cordial”.

A defesa de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ, não se manifestou até o momento.

Quem era Marielle Franco

Marielle Franco tinha 38 anos e foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro na eleição de 2016. Ela era natural do Complexo da Maré e tinha sua atuação política destacada pelo engajamento com causas feministas e pela defesa dos direitos humanos em comunidades carentes da capital fluminense. Com frequência ela fazia denúncias contra a violência policial.

A vereadora foi assassinada na noite do dia 14 de março de 2018, quando voltava de carro para casa de um evento ligado ao movimento feminista e negro na Lapa, região central do Rio de Janeiro. O motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, também morreu no ataque. As mortes causaram comoção e manifestações em cidades brasileiras e em outras partes do mundo.