INVESTIGAÇÃO

PF prende hacker e cumpre mandados contra deputada Carla Zambelli

Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica

Deputada Carla Zambelli – Foto: Elaine Menke/PL

A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (2), uma operação para investigar a invasão aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em janeiro deste ano. O processo analisa ainda a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão.

Conforme a coluna da jornalista Andréia Sadi, do Portal G1, a PF prendeu na operação o hacker Walter Delgatti Neto. Ele ficou conhecido por ter invadido telefones de autoridades envolvidas na Operação Lava-Jato, processo chamado de “Vaza Jato”.

Delgatti foi preso em julho de 2019, na Operação Spoofing, que também investigava crimes cibernéticos. No ano seguinte, ele foi solto e passou a usar tornozeleira eletrônica ainda com a proibição de usar a internet. Porém, ele voltou a ser preso este ano após a PF descobrir, através do próprio Delgatti, que o hacker cuidava das redes sociais e do site da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Ainda conforme Sadi, Zambelli também está entre os alvos dos mandados de busca e apreensão na operação de hoje. As ações ocorrem no apartamento e no gabinete da parlamentar. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, autorizou as ações.

3FA

A Operação foi chamada pela PF de 3FA. Segundo a PF, o nome é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados, sendo que, tendo os investigados violado o sistema, foi necessária a atuação do Estado (PF, MPF e Judiciário), que atuou na repressão à conduta criminosa e na prevenção a novas ações semelhantes.

Ao todo, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva no estado de São Paulo, além de três mandados de busca e apreensão no Distrito Federal.

Em nota, a corporação informou que as investigações tramitavam na Justiça Federal, mas tiveram declínio de competência para o STF. Isso devido ao surgimento de indícios de possível envolvimento de uma pessoa com prerrogativa de foro.

“Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes”, disse a PF.

As inserções fraudulentas, segundo a PF, foram feitas com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita e que permitiram aos criminosos ter controle remoto dos sistemas.

“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica”, concluiu a corporação.

Em seu perfil no Twitter, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, postou que os mandados judiciais são relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições.

“Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições”.