O governo do Peru manterá uma posição “neutra” e “a mais apegada à lei possível” em sua relação com o Uruguai, a respeito do pedido de asilo diplomático do ex-presidente peruano Alan García, que solicitou asilo diplomático.
Ele se disse perseguido político.
O pedido foi encaminhado logo após a Promotoria de Justiça decretar impedimento judicial de saída do país por investigações sobre suposto envolvimento em conluio e lavagem de dinheiro.
Segundo o vice-chanceler peruano, Hugo de Zela, ao explicar a nota diplomática que o Peru enviou ao presidente uruguaio Tabaré Vázquez, ele cita a vigência do Estado de Direito, independência judicial e democracia no país e inclui também outros documentos “de conhecimento público” sobre as acusações que pesam sobre García.
De acordo com Zela, esta informação trata sobre asilo diplomático entre os países da Organização dos Estados Americanos (OEA) e com ela o Peru se limita a cumprir estritamente a legislação.
O vice-chanceler afirmou que a única coisa que seu país espera do Uruguai é que “considere” que no Peru há “democracia, Estado de Direito e separação de poderes, e que o Poder Judiciário, no exercício das suas funções, atua com plena autonomia, como diz a Constituição”.
Zela acrescentou que não há mais contatos com o Uruguai sobre este assunto e que também não há disposição para considerar respostas caso Montevidéu outorgue asilo a García.
Histórico
Há dois dias, o presidente do Peru, Martín Vizcarra, disse que “os argumentos da posição peruana” seriam apresentados às autoridades uruguaias, depois de uma conversa que teve com Vázquez na qual lhe pediu que “pondere a opinião do Peru”, antes de decidir se outorga esta proteção ao ex-governante.
A decisão do promotor José Domingo Pérez, que pediu o impedimento de García de deixar o Peru, foi baseada nas investigações sobre indícios de que a Odebrecht lhe pagou US$ 100 mil por uma palestra em São Paulo em 2012, um ano depois de ter concluído seu segundo mandato. Esse pagamento foi feito com um contrato fraudulento e através de um testa de ferro da empresa.
O ex-presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011) é investigado por supostamente ter favorecido a Odebrecht na licitação da linha 1 do Metrô de Lima, cujo chefe de obra, Carlos Nostre, declarou aos promotores que a construtora pagou US$ 24 milhões em subornos a funcionários do governo de García.
*Com informações da EFE