O parlamento autônomo da Escócia votou hoje (5) contra o acordo do Brexit firmado pela primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May. Apesar de a decisão não ser vinculativa – o governo britânico não é obrigado a seguir o resultado da votação escocesa -, a rejeição é uma prova das dificuldades que May enfrentará para fazer o acordo passar na Câmara dos Comuns a partir da próxima segunda-feira (10).
O Partido Nacionalista Escocês (SNP), que governa a região, os trabalhistas, os verdes e os liberais-democratas se opuseram ao pacto e à declaração política que o acompanha. Foram 92 votos contra o acordo, 29 a favor – todos de conservadores – e duas abstenções.
Durante o debate, que durou mais de duas horas, o ministro escocês para o Brexit e um dos defensores da rejeição ao acordo, Mike Russell, disse que, com esta decisão, a Escócia se mostra contra o pacto firmado por May e também rejeita um cenário de saída da União Europeia (UE) sem qualquer tipo de acordo.
“A única opção que não fornece uma solução para o caos atual do Brexit é a proposta da primeira-ministra”, criticou Russell. Para ele, é o momento dos políticos contrários ao Brexit estudarem as opções que se abririam se a Câmara dos Comuns votar contra o acordo de May na próxima semana.
Segundo o ministro, o SNP apoiaria uma alternativa que incluísse a permanência do Reino Unido no mercado único europeu e na união aduaneira de forma prioritária. No entanto, o partido também topa a convocação de um segundo referendo sobre o Brexit ou a convocação de eleições gerais antecipadas, proposta preferida pelos trabalhistas.
Por outro lado, o Partido Conservador, liderado por May, alerta que votar contra o acordo sob a mesa aumenta as possibilidades que a saída do bloco ocorra sem nenhum tipo de consenso.
“Gostemos ou não, estamos nos aproximando desta data [a saída do UE marcada para 29 de março de 2019]. Ou saímos com a base do acordo que a primeira-ministra negociou ou saímos sem acordo, o que seria um desastre para a economia”, disse o deputado conservador Adam Tomkins.
Tomkins acusou o SNP de transformar o Brexit em uma arma para a agenda de independência do partido e criticou as demais legendas que votaram contra o acordo de May na Escócia.
O deputado conservador citava o desejo do SNP de realizar um segundo referendo sobre a independência da Escócia do Reino Unido. Na região, 62% das pessoas votaram a favor de permanecer na UE.