
Morreu o Papa Francisco. Jorge Mario Bergoglio, de 88 anos, foi o primeiro papa jesuíta e latino-americano da história. Nos últimos meses, enfrentou problemas de saúde, com uma internação de 38 dias para tratar uma infecção respiratória.
Nos últimos anos, Francisco teve diversos desafios de saúde. Dores no joelho levaram-no a utilizar cadeira de rodas. Também passou por uma cirurgia intestinal. Em 14 de fevereiro de 2025, foi internado para tratar uma infecção polimicrobiana nas vias respiratórias, o que agravou seu estado de saúde.
A morte foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell. “Queridos irmãos e irmãs, é com dor profunda que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco”.
Francisco fez sua última aparição pública no último domingo (20) na loggia central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para a bênção “Urbi et Orbi” (“À cidade e ao mundo”). A leitura da mensagem ocorre sempre nos dias de Páscoa e Natal e aborda as principais crises da atualidade. Mas, com visíveis dificuldades para falar, confiou a leitura do texto a um colaborador.
Francisco esteve internado por quase 40 dias no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, deixando o local no último 23 de março. Desde então, vinha se mantendo recluso a maior parte do tempo na Casa Santa Marta, sua residência oficial no Vaticano, onde deveria permanecer em repouso até pelo menos o final de maio, enquanto realizava sessões diárias de fisioterapia para retomar plenamente a capacidade respiratória e de fala.
A Santa Sé deve divulgar, nos próximos dias, informações sobre o funeral e os procedimentos para a escolha de um novo papa.
Trajetória e ascensão ao papado
Bergoglio nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes piemonteses. Seu pai Mário trabalhava como contabilista no caminho de ferro; e a sua mãe Regina Sivori ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos.
Diplomou-se como técnico químico, mas escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto. Em 11 de Março de 1958 entrou no noviciado da Companhia de Jesus.
Completou os estudos humanísticos no Chile e voltou para a Argentina em 1963, onde obteve a licenciatura em filosofia no colégio de São José em San Miguel. De 1964 a 1965 foi professor de literatura e psicologia no colégio da Imaculada de Santa Fé e em 1966 ensinou estas mesmas matérias no colégio do Salvador, em Buenos Aires. De 1967 a 1970 estudou teologia, licenciando-se também no colégio de São José.
Conforme a Santa Sé, Bergoglio foi ordenado padre em 1969 e tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 1998. Em 2001, recebeu nomeação a cardeal pelo Papa João Paulo II. No dia 13 de março de 2013, foi eleito papa no Conclave, sucedendo Bento XVI. Escolheu o nome Francisco, inspirado em São Francisco de Assis.
Uma vida dedicada à fé e à justiça social
Francisco ficou conhecido por seu estilo humilde e próximo dos fiéis. Defendeu com firmeza os pobres, imigrantes e marginalizados. Seu pontificado destacou-se por mensagens sobre justiça social, meio ambiente e reformas na Igreja. Também enfatizou misericórdia e acolhimento em sua condução da fé.
O papa escolheu viver de forma simples. Recusou a residência tradicional no Palácio Apostólico e optou pela Casa Santa Marta, dentro do Vaticano. Durante sua liderança, buscou aproximar a Igreja dos mais necessitados e manteve um discurso crítico contra desigualdade e consumismo.
Legado do Papa Francisco
Durante mais de uma década, Francisco promoveu debates sobre temas importantes. Questões como mudanças climáticas, migração, abusos dentro da Igreja e o papel das mulheres no clero ganharam destaque.
Foi responsável pela publicação das encíclicas Laudato Si’, que trata da crise ambiental, e Fratelli Tutti, sobre fraternidade e amizade social.
Além disso, teve um papel decisivo em negociações diplomáticas. Sua atuação foi essencial na reaproximação entre Cuba e Estados Unidos durante o governo de Barack Obama, entre 2015 e 2016. Incentivou também o diálogo inter-religioso, promovendo a paz entre diferentes credos.
Seu pontificado incluiu reformas administrativas, especialmente na área financeira do Vaticano. Buscou maior transparência nas contas e combateu casos de corrupção dentro da Santa Sé.