Obituário

Morre a atriz Aracy Balabanian aos 83 anos

Ela fazia um tratamento contra um câncer de pulmão desde o fim de 2022 e estava internada em uma clínica do RJ.

Aracy Balabanian tinha 83 anos. Crédito: arquivo / TV Globo

A atriz Aracy Balabanian morreu nesta segunda-feira (7), aos 83 anos, no Rio de Janeiro (RJ). Ela fazia um tratamento contra um câncer de pulmão desde o fim de 2022 e estava internada na Clínica São Vicente, na Gávea, na zona sul do Rio de Janeiro.

Filha de imigrantes armênios, ela nasceu 22 de fevereiro de 1940 em Campo Grande, atualmente no Mato Grosso do Sul. Ela contou, em diversos depoimentos, que soube a carreira que iria seguir ao assistir, aos 12 anos de idade, a uma peça de Carlo Goldoni com a companhia de Maria Della Costa. “Eu chorei muito. Estava emocionada porque era aquilo que eu queria. É muito difícil para uma criança de 12 anos, ainda mais naquela época, querer ser atriz e já perceber que ia ter muitas dificuldades”, afirmou.

Ela enfrentou muitas dificuldades para começar a carreira, principalmente dentro de casa, já que seu pai não aceitava que a filha fosse atriz. “Eu comecei numa época em que não era bonito fazer televisão, nem teatro”, recordou ao projeto Memória Globo.

Sua carreira na TV começou em 1964 na então TV Record, com uma adaptação da peça “Antigona” e, posteriormente, na novela “Marcados pelo Amor”, de Walter Negrão (1965). Depois, migrou para a pioneira TV Tupi, onde foi destaque em “Um Rosto Perdido” (1966), de Walter George Durst, e “Antônio Maria” (1968) de Geraldo Vietri e Walther Negrão. Na emissora ainda fez “Nino, o Italianinho” (1969) e “A Fábrica” (1971).

Em 1972 migrou para a TV Paulista, que deu origem à TV Globo de São Paulo, onde atuou em “O Primeiro Amor”. O primeiro personagem marcante na nova emissora foi “Gabriela”, na adaptação do seriado estadunidense “Vila Sésamo”, uma co-produção da Globo com a TV Cultura, em 1973.

Aracy Balabanian como a trocadora Maria-Faz-Favor de “Coração Alado” Crédito: arquivo / TV Globo

Após essa experiência, Aracy fez personagens de várias matizes. Uma delas foi a solteirona Violeta, em “O Casarão” (1976), de Lauro César Muniz. Em 1980, foi desbocada trocadora de ônibus Maria-Faz-Favor (foto acima) de “Coração Alado”, de Janete Clair. Depois foi “Helena”, em “Elas por Elas” (1982), de Cassiano Gabus Mendes, uma mulher rica e mimada que tem um filho trocado na maternidade. Além deles, vieram personagens em “Guerra dos Sexos” (1983), de Silvio de Abreu; “Transas e Caretas” (1984), de Lauro César Muniz; e “Ti-Ti-Ti” (1985).

Entre 1986 e 1988, foi para a TV Manchete, onde atuou em “Mania de Querer” (1986), de Sylvan Paezzo, e “Helena” (1987), adaptada do romance de Machado de Assis por Mário Prata. Em 1989, voltou à Globo onde interpretou a misteriosa Maria Fromet de “Que Rei Sou Eu?”, de Cassiano Gabus Mendes.

Nos anos 1990, representou vários personagens icônicos com o texto do autor Sílvio de Abreu. O primeiro deles foi a Dona Armênia, de Rainha da Sucata (1990), uma mãe superprotetora de três filhos e com um sotaque inesquecível. O sucesso foi tanto que os personagens de Dona Armênia e seus filhos – vividos por Marcelo Novaes, Jandir Ferrari e Gérson Brenner – voltaram à tela em “Deus nos Acuda” (1992). Em 1995, foi a impávida matriarca Filomena, de “A Próxima Vítima”. O papel lhe deu o prêmio de Melhor Atriz da Associação Paulista de Críticos de Arte.

Após o fim dessa novela, Aracy Balabanian foi convidada a integrar um projeto novo e ousado: o “Sai de Baixo”, um humorístico criado por Luis Gustavo e Daniel Filho. Ela vivia uma socialite falida, que vivia com o irmão Vanderley, o Vavá, personagem de Luis Gustavo. “Eu me vi fazendo uma coisa que é o sonho de todo ator: teatro e televisão, ao mesmo tempo. Só que era um espetáculo ensaiado em uma tarde”, contava. O programa era gravado em dois dias e depois editado para ser exibido no domingo seguinte. “Sai de Baixo” ficou no ar por sete temporadas entre 1995 e 2002. Em 2013, houve uma reedição com quatro episódios feitos originalmente para o Canal Viva, do Grupo Globo.

Após a experiência no humor, Aracy voltou às novelas. Viveu a governanta Germana em “Da Cor do Pecado” (2004), de João Emanuel Carneiro. Em 2010, foi Gemma em “Passione”. Depois, foi Máslova Tilman em “Cheias de Charme”, de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira (2012); Dona Bubu, no remake de “Saramandaia” (2013), adaptação do texto de Dias Gomes feita por Ricardo Linhares; e a dona de casa Iracema, em “Geração Brasil” (2014).

Seus últimos trabalhos na TV foram nas novelas “Sol Nascente” (2016), “Pega Pega” (2017) e “Malhação – Vidas Brasileiras” (2018). Ela ainda participou do especial “Juntos a Magia Acontece” (2019), onde interpretou a personagem Dona Rosa.