O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu exoneração do cargo ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (28), após vir à tona um suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas da pasta. Ele nega as acusações.
A demissão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) e é uma forma de tentar reduzir o desgaste do governo às vésperas da eleição presidencial.
Na semana passada, a PF (Polícia Federal) abriu um inquérito para investigar o ministro. A medida foi autorizada pela ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia.
A investigação foi aberta após a publicação de reportagens dos jornais “O Estado de S.Paulo” e “Folha de S.Paulo” sobre um suposto favorecimento na liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao Ministério da Educação.
No último dia 21 de março, a Folha divulgou um áudio em que Ribeiro diz favorecer, a pedido de Bolsonaro, prefeituras de municípios ligados a dois pastores.
Os religiosos a que o ministro se refere no áudio são Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles não têm cargo no governo, mas participaram de diversas reuniões com autoridades nos últimos anos.
Relatório da CGU
Em outro inquérito, a PF também investiga as supostas irregularidades. A polícia recebeu na semana passada um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União). Segundo o órgão, os fatos são investigados desde o ano passado, antes da divulgação da gravação.
As denúncias foram recebidas pela CGU no dia 27 de agosto de 2021 e tratam de possíveis irregularidades que estariam ocorrendo em eventos realizados pelo MEC (Ministério da Educação) e sobre o oferecimento de vantagem indevida, por parte de terceiros, para a liberação de verbas do fundo. A apuração ocorreu entre os dias 29 de setembro de 2021 e 3 de março de 2022.
O órgão concluiu que agentes públicos não estavam envolvidos nas supostas irregularidades e enviou o caso para a PF, que abriu um inquérito criminal.
O caso também é na esfera cível pela Procuradoria da República no Distrito Federal. O TCU (Tribunal de Contas de União) também vai realizar uma fiscalização extraordinária no Ministério da Educação.
Após a divulgação do caso, em nota divulgada à imprensa, o então ministro Milton Ribeiro disse não haver nenhum tipo de favorecimento na distribuição de verbas da pasta. Segundo Ribeiro, a alocação de recursos federais segue a legislação orçamentária.
“Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, disse.
Ribeiro diz que não cometeu crime
Em nota publicada nas redes sociais, o ministro da Educação afirmou que não praticou atos ilícitos. “Tenho plena convicção de que jamais pratiquei qualquer ato de gestão que não fosse pautado pela legalidade, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que foram cometidos atos irregulares devem ser investigadas com profundidade”, destacou o ministro.
“Decidi solicitar o presidente Bolsonaro a exoneração do cargo de ministro a fim de que não paire nenhuma incerteza sobre minha conduta e do governo federal. Meu afastamento visa, mais do que tudo, deixar claro que quero uma investigação completa isenta”, conclui o texto.