A reunião desta semana do Mercosul evidenciou tensões e rancores entre os integrantes do grupo (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), mas também a disposição de descongelar o acordo comercial com a União Europeia. O protocolo está parado desde junho de 2019, quando foi anunciado.
“As coisas mudaram do outro lado do Atlântico. Há uma guerra, uma grave crise energética. A geopolítica global mudou, e o enfoque da União Europeia em relação à América do Sul aumenta sua viabilidade”, disse à ANSA uma fonte diplomática argentina de alto escalão.
“As negociações para um acordo UE-Mercosul já somam quase três décadas, mas agora estamos acelerando. Queremos concretizar isso em curto prazo”, acrescentou o diplomata, que participou da recente cúpula do grupo em Montevidéu, no Uruguai.
Durante a reunião, o presidente argentino, Alberto Fernández, se disse favorável ao acordo, mas desde que seja “digno” para o Mercosul.
“Pedimos à Europa que pare de mentir. Podemos seguir colocando a culpa na Amazônia, mas a verdade é que a Europa tem países protecionistas que não querem ver entrar nossa carne, nossos grãos e nossos alimentos”, reforçou, em referência velada à França, que freou a implantação do tratado devido à disparada do desmatamento na Amazônia sob a gestão de Jair Bolsonaro.
Mas a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva indica uma reviravolta nas políticas ambientais brasileiras, algo que Bruxelas vê com simpatia.