O mundo entrou em alerta por causa de um ataque russo para tomar o controle de uma instalação nuclear na Ucrânia na madrugada desta sexta (4), fim da noite de quinta pelo horário de Brasília. Um prédio de treinamento da maior central nuclear da Europa, localizada na cidade de Zaporíjia, teria pegado fogo durante intensos combates entre forças russas e ucranianas. Horas antes, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba pediu a criação de uma zona de segurança e que os bombeiros sejam autorizados a lidar com incidente.
“O exército russo está atirando de todos os lados contra a central nuclear de Zaporíjia, a maior usina nuclear da Europa”, escreveu Kuleba, no Twitter. “O fogo já começou… os russos devem cessar o fogo imediatamente, permitir os bombeiros e estabelecer uma zona de segurança”, exclamou. Mais cedo, as autoridades ucranianas afirmaram que as tropas russas estavam intensificando os esforços para tomar a usina e entraram na cidade com tanques.
Não se sabe, até o momento, se houve danos à instalação e qual é a real dimensão do incêndio, que teria ocorrido em um prédio externo à unidade. Uma câmera de segurança transmitida ao vivo vinculada à página inicial da fábrica de Zaporíjia mostrou o que pareciam ser veículos blindados entrando no estacionamento da instalação e iluminando o prédio onde a câmera estava montada. Houve então o que pareciam ser flashes brilhantes, seguidos por explosões quase simultâneas nos prédios ao redor.
As autoridades da usina nuclear dizem que a instalação está protegida e que “a segurança nuclear agora está garantida”, conforme a Agence France-Presse.
Desastre nuclear poderia ser muito maior que em Tchernóbil
A usina de Zaporíjia é sete vezes mais potente que a Usina de Energia Nuclear Vladimir Ilyich Lenin, que explodiu em Tchernóbil, em 1986. São seis reatores instalados, mas apenas um está em funcionamento. Somente essa central nuclear é capaz de fornecer 25% da energia elétrica utilizada pela Ucrânia, um país de 44 milhões de habitantes. O cerco ao local já havia começado há dois dias, mas não havia indicativo que bombas ou tiros pudessem atingir a planta.
Mais cedo, o conselheiro do Ministério do Interior ucraniano, Anton Herashchenko, fez uma publicação online em que disse que os russos estavam intensificando os esforços para tomar o controle da usina nucleare que entraram na cidade de Energodar, onde moram os trabalhadores da usina, com tanques.
Para efeito de comparação, a usina de Tchernóbil tinha quatro reatores e apenas um, o de número 4, explodiu. O incêndio durou sete dias e foi abafado pelo governo soviético. Até hoje há consequências para a população, que teve que ser evacuada e um perímetro de chamado de “zona de exclusão” teve que ser criado para impedir novos moradores. O solo da região segue altamente radiotivo e deve seguir assim por centenas de anos.