
O julgamento do caso do voo AF447 entrou na fase final nesta quinta-feira (27) na Corte de Apelações de Paris. Air France e Airbus respondem novamente por homicídio culposo pelo acidente ocorrido em 2009, quando um Airbus A330 caiu no Oceano Atlântico durante a rota Rio de Janeiro–Paris, causando a morte de 228 passageiros e tripulantes.
A promotoria pediu que a corte reverta a decisão de primeira instância, que absolveu as duas empresas em 2023. Para os procuradores, houve negligências relacionadas à operação do sensor de velocidade e à gestão de riscos já conhecidos antes do acidente. Também foram apontadas falhas no compartilhamento de dados e no treinamento para situações de estol em grande altitude.
As investigações oficiais concluíram que o congelamento dos tubos de Pitot provocou perda temporária de velocidade indicada e desencadeou erros de pilotagem. No julgamento, porém, o foco recaiu sobre a atuação das empresas antes do acidente, incluindo registros de ocorrências semelhantes ao problema do sensor.
Nas alegações finais, a Air France negou falhas no treinamento da tripulação. A Airbus deve encerrar sua defesa ainda nesta quinta-feira. O Ministério Público pediu a aplicação da multa máxima prevista para homicídio culposo corporativo, de 225 mil euros para cada empresa.
Caso deve seguir sem decisão imediata
O Tribunal de Apelações deve levar meses para concluir o julgamento. Independentemente do resultado, especialistas apontam que novos recursos são esperados, prolongando o processo.
Representantes das famílias de vítimas acompanharam as últimas sessões. A presidente da associação, Daniele Lamy, afirmou que esta foi a primeira vez, em 16 anos, que os familiares sentiram o tratamento como “respeitoso e humano” por parte das instituições.
A decisão do tribunal de primeira instância reconheceu negligências de Airbus e Air France, mas concluiu que não havia comprovação de nexo causal direto entre essas falhas e o acidente.