O ministério das Relações Exteriores (MRE) minimizou hoje (13) as declarações feitas pela chanceler alemão Angela Merkel nesta quarta-feira (12) sobre o andamento do acordo negociado entre o Mercosul e a União Europeia. Ontem, Merkel afirmou que o tempo está se esgotando para alcançar um acordo comercial entre os dois blocos e considera que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, não deve facilitar as negociações.
Durante coletiva de imprensa no Palácio Itamaraty, em Brasília, o diretor do Departamento de Relações Comerciais do MRE, André Carvalho, disse que “declarações pontuais” não tem efeito no processo de negociação entre os blocos.
“O exame que é feito pelo Mercosul é feito muito mais com base na percepção das direções negociadoras, das expectativas que você tem quanto ao melhor encaminhamento a dar frente ao quadro negociador, do que em cima de declarações pontuais. Você analisa os contextos políticos de uma negociação, mas eu não acredito que declarações específicas vão se tornar o principal filtro pelo qual as autoridades do Mercosul vão avaliar qualquer negociação individual.”
Ao apresentar a pauta de negociações do Brasil durante a 53ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercosul, que ocorrerá nos dias 17 e 18 na capital do Uruguai, Carvalho disse ser difícil prever como as declarações de autoridades de estados-membros afetam a posição negociadora da Comissão Europeia. “No tocante aos tempos de conclusão, garantida a disposição política dos dois lados em fazer os movimentos que são necessários e demonstrar a flexibilidade que é necessária pra encontrar os espaços de convergência, a negociação Mercosul – União Européia poderia finalizar rapidamente”.
No final de novembro, durante a Cúpula dos Líderes do G20, em Buenos Aires, o presidente da França, Emmanuel Macron, também falou sobre o acordo. Ele condicionou os avanços das negociações à permanência do Brasil no acordo Climático de Paris.
Reunião ordinária
Segundo o diretor, a negociação entre o Mercosul e a União Europeia é a pauta mais avançada para a reunião do Conselho do Mercosul na próxima semana e depende de decisões políticas de ambos os blocos para sua efetivação.
“O que nós ainda temos em pauta representa não um desafio técnico, mas um desafio político. Nesse sentido não são desafios associados a tempo de negociação e sim de conseguir um entendimento político que viabilize um equilíbrio satisfatório para as duas partes. Então o prazo para a conclusão da negociação com a União Europeia poderia ser um prazo extremamente curto e nós recebemos frequentes indicações de compromisso político favorável a uma conclusão rápida”, disse Carvalho.
A equipe do futuro governo brasileiro manifestou em algumas ocasiões que prefere negociações bilaterais, em vez de uma negociação que envolva blocos, como o Mercosul. Em novembro, Bolsonaro disse estar aberto a negociar. “Não é um ‘não’ em definitivo, nós vamos é negociar”, disse o presidente eleito.
“O novo governo assumindo dará as diretrizes correspondentes que as áreas seguirão naturalmente”, afirmou durante a coletiva a embaixadora Eugenia Barthelmess, diretora do Departamento da América do Sul Meridional.