Nesta segunda-feira (17) é o Dia Mundial da Hipertensão. Cerca de 35% dos brasileiros são hipertensos e no contexto de pandemia de Covid-19, hipertensos precisam, de maneira ainda mais contundente, manter a pressão arterial controlada.
A identificação e o tratamento precoces dessa doença crônica não transmissível, reduzem a mortalidade por causas cardiovasculares. A hipertensão pode estar relacionada a 80% dos casos de AVC (acidente vascular cerebral) e 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio.
Hipertensos não controlados, assim como outros cardiopatas e portadores de doenças crônicas têm possibilidade de maiores complicações pela Covid-19.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Celso Amodeo, a infecção pelo novo coronavírus é o tipo de doença da qual não se pode dizer “sempre” e “nunca”, porque o conhecimento acerca dessa doença está constantemente sendo reavaliado, modificando a forma de enfrentamento da doença.
No início da pandemia, muito se falou sobre alguns medicamentos utilizados para controlar a hipertensão que agiriam na mesma via de entrada do Sars-CoV-2 para o interior da célula; posteriormente surgiram outros indícios de que essas classes de medicamentos, na verdade, diminuíam a atividade inflamatória do vírus, portanto seu uso provocava uma melhora satisfatória da Covid-19. Porém, nenhum estudo, de fato, constatou efetivamente essa informação.
“Nossas orientações, sempre, são para que o paciente hipertenso não suspenda o tratamento medicamentoso por causa da Covid-19. O risco da hipertensão no indivíduo com diagnóstico positivo para o novo coronavírus se dá porque a Covid provoca uma intensa reação inflamatória que atinge diferentes territórios vasculares do organismo, vasos esses que já apresentam alterações na sua estrutura e função decorrente da hipertensão arterial não controlada, fazendo com que essa pessoa tenha mais risco de complicações”, explica Amodeo.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que o paciente hipertenso não deixe de procurar seu médico para fazer os controles necessários da pressão arterial.
A pandemia fez com que muitas pessoas deixassem de ir ao médico por medo de sair à rua, o que aumenta o risco de hipertensão arterial não controlada. É imprescindível que o indivíduo mantenha sua pressão controlada, evitando assim complicações mais graves em caso de Covid-19.
A hipertensão arterial possui prevalência na população adulta brasileira em torno de 35%. Nesses indivíduos, 40% sabe que possui e procuram tratamento, no entanto, 40% dos pacientes que iniciam tratamento não o segue como deveriam.
“Temos um problema muito grande de falta de adesão ao tratamento, por ser uma doença assintomática, o chamado inimigo silencioso, isso acarreta distúrbios, principalmente no aparelho cardiovascular, onde a incidência de infarto e de AVC é muito alta naqueles que não têm pressão controlada”, reitera Amodeo.
Sintomas
Ao reconhecer qualquer um dos sintomas, como alteração do movimento ou da sensibilidade em uma parte do corpo; dificuldade de fala ou compreensão; dor de cabeça intensa e súbita; tontura ou alteração no equilíbrio; alteração da visão ou dificuldade para enxergar, náusea ou vômito, dificuldade para engolir ou perda da consciência (desmaio) – é importante procurar ajuda médica. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maior é a chance de recuperação.
“Pressão alta, se bem diagnosticada, o tratamento é pra vida toda, e se baseia em medidas não medicamentosas e medicamentosas. A medida não medicamentosa mais importante é diminuir o sal na alimentação, isso significa ingerir menos alimentos processados e industrializados. Cerca de 75% do sal que ingerimos vem desses alimentos. Atividade física regular ajuda e muito a manter a pressão arterial estável. Evitar fumo e álcool também. Algo muito negligenciado é a qualidade do sono: a pessoa que não dorme direito tem mais chance de desenvolver hipertensão”, ressalta Amodeo.