A França deu início ao julgamento por homicídio culposo contra a Air France e a Airbus nesta segunda-feira (10) por conta do acidente com o voo AF447, ocorrido há mais de 13 anos. A queda da aeronave no Oceano Atlântico, enquanto fazia a rota entre Rio de Janeiro e Paris, matou todas as 228 pessoas a bordo.
Os líderes das duas empresas estavam na audiência de hoje e ficaram em silêncio enquanto o nome de todas as vítimas eram lidos.
Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 desapareceu às 3h45 enquanto sobrevoava o oceano. Depois de uma série de investigações e testes, em 2019, os juízes franceses decidiram arquivar o pedido de julgamento. Os parentes e sindicatos do setor aeronáutico entraram com um recurso contra a decisão e ela foi anulada.
“Agora esperamos que esse processo seja efetivamente um processo contra a Airbus e contra a Air France […] não contra os pilotos”, disse a presidente da associação que reúne os familiares das vítimas, Danièle Lamy, à agência de notícias France Presse.
A líder ainda afirmou que espera um “julgamento imparcial e exemplar para que isso não aconteça novamente e para que os dois acusados coloquem a segurança aérea no centro de suas preocupações – ao invés de só pensarem nos lucros”.
A anulação do processo havia sido justificada porque os investigadores descobriram que os pilotos responderam de maneira errada a um problema de leitura dos sensores.
Mas, a agência responsável por investigar os acidentes aéreos, a BEA, também descobriu que haviam discussões entre Boeing e Air France sobre os chamados “tubos de pitot”, um instrumento fundamental para medir diversos dados técnicos, como o altímetro e as indicações precisas da velocidade do ar e na vertical das aeronaves.
Segundo os investigadores, a presença ou obstrução dos pitots com cristais de gelo deram informações erradas aos pilotos antes da queda.