GUERRA

FAB começa repatriação de brasileiros em zona de conflito no Oriente Médio

Conflito entrou no seu terceiro dia com escalada no número de mortos

O primeiro dos seis aviões que o governo federal mobilizou para repatriar cidadãos brasileiros que tentam sair da Palestina ou de Israel devido à guerra já deixou o solo brasileiro. O Airbus A330-200 convertido em um KC-30 saiu de Natal e pousou em Roma, na Itália, no início da manhã com previsão de chegar em Tel Aviv, em Israel, até terça-feira (10).

Além desta aeronave, vão socorrer brasileiros na zona de conflito outros cinco aviões: um segundo KC-30 e dois KC-390, com capacidade para 80 passageiros cada; e outras duas aeronaves da Presidência da República, com capacidade para transportar até 40 passageiros cada uma. Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), este segundo KC-30 tinha previsão de partir ainda nesta segunda-feira (9) para Roma.

O Itamaraty estima que ao menos 30 brasileiros vivem na Faixa de Gaza e outros 60 em Ascalão e em localidades na zona de conflito. Já em Israel, a embaixada brasileira já tinha reunido, até este domingo, informações de cerca de 1 mil brasileiros hospedados em Tel Aviv e em Jerusalém interessados em voltar ao Brasil. A maioria é de turistas que estão em Israel.

Os brasileiros candidatos à repatriação serão distribuídos por grupos, em voos que acontecerão em datas ainda a serem definidas. Inicialmente, o Itamaraty vai priorizar o traslado dos residentes no Brasil que ainda não têm passagem aérea para regressar ao país.

O Itamaraty estima que cerca de 14 mil brasileiros vivem em Israel e outros seis mil moram na Palestina. Além disso, muitos turistas visitam a região, principalmente para conhecer locais considerados sagrados e participar de eventos.

Diante da reação israelense ao ataque do Hamas, o governo brasileiro desaconselha quaisquer deslocamentos não essenciais para a região. Em nota, o Itamaraty recomendou que todos os brasileiros em condições tentem deixar Israel e Gaza.

Terceiro dia

Nas atualizações da segunda-feira, o jornal israelense Jerusalem Post reportou, em sua conta no Twitter, que foram encontrados corpos de cerca de 1,5 mil palestinos perto da fronteira com Gaza, em território de Israel. Horas antes um balanço veiculado pelo Ministério da Saúde de Gaza, citava também 3,7 mil feridos nos ataques. 

Do lado israelense, a instituição de caridade Zaka, formada por judeus ortodoxos, relatou ter encontrado 108 corpos de israelenses no kibutz de Be’eri, perto da fronteira oriental com a Faixa de Gaza. As informações foram divulgadas pelo jornal Haaretz. Horas antes, a imprensa local já havia contabilizado 900 mortes em Israel desde o início dos ataques.

Nesta segunda-feira, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está no início da ofensiva. “Apenas começamos a atingir o Hamas e não pararemos. Como derrotamos o Estado Islâmico, derrotaremos também o Hamas”, disse. Netanyahu também agradeceu o apoio do presidente estadunidense Joe Biden.

O presidente americano, Joe Biden, declarou que ao menos 11 cidadãos americanos foram mortos nos ataques a Israel. Ele também disse que há americanos desaparecidos: “Acreditamos ser provável que entre as pessoas presas pelo Hamas haja cidadãos americanos”, afirmou.

O Hamas se manifestou através de Abu Obaida, porta-voz do grupo. Ele disse que não haverá negociação de soltura de reféns sem um cessar-fogo. “Os reféns estão em risco, mas não negociaremos nada enquanto estivermos sob fogo, com ameaça de invasão ou guerra”, disse na nota, divulgada pela CNN.

Obaida disse ainda que vai começar a executar um refém civil israelense em resposta a cada novo bombardeio realizado por Israel contra moradias de civis sem aviso prévio.

O porta-voz justificou afirmando que o grupo tem agido de acordo com as instruções islâmicas ao manter os reféns israelenses sãos e salvos, e culpou a intensificação de bombardeios israelenses e o assassinato de civis dentro de suas moradias por ataques aéreos, sem aviso prévio, pela medida anunciada de execução dos prisioneiros.