A Polícia Federal investiga as explosões da noite da última quarta-feira (13) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, como atos “terroristas”. Uma reconstituição dos fatos está prevista.
A primeira explosão ocorreu por volta de 19h30 de quarta-feira, no porta-malas do carro de Luiz, que estava estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados.
Em seguida, o agressor lançou artefatos contra a estátua da Justiça, em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal). Depois, de acordo com o relato de testemunhas, deitou-se no chão e acionou uma bomba na nuca.
O incidente foi provocado por Francisco Wanderley Luiz. Ele é ex-candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e único morto no ataque.
“O que justifica o inquérito para apurar ataque terrorista é justamente o cunho político desse ato”, disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, todos os “artefatos potencialmente explosivos” que estavam na Praça dos Três Poderes estão desarmados. A polícia também encontrou explosivos em uma casa alugada por Luiz em Ceilândia, cidade satélite do DF.
Presidente mantém agenda
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve a programação desta quinta-feira (14), apesar das explosões que atingiram a Praça dos Três Poderes. A agenda disponibilizada pelo Palácio do Planalto prevê uma série de encontros com embaixadores para apresentação de credenciais.
O cronograma inclui reuniões com representantes diplomáticos de Argentina, Argélia, Paquistão, Coreia do Sul, Guiana, Etiópia, Namíbia e Panamá. Depois há um intervalo na agenda até 16h. De acordo com a agenda, Lula embarca para o Rio de Janeiro, onde participará da cúpula de líderes do G20 no início da próxima semana.
STF retoma atividades à tarde; Moraes liga explosões a extremismo
Já o STF (Supremo Tribunal Federal) e a Câmara dos Deputados retomarão o expediente ao meio-dia desta quinta. Enquanto o Senado cancelou as atividades do dia.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ligou as explosões aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Naquele dia, bolsonaristas invadiram e depredaram sedes das instituições na capital.
Moraes rechaçou a hipótese de anistia para pessoas acusadas de atentar contra a democracia. “O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições e a autonomia do Judiciário”, disse Moraes durante uma cerimônia em Brasília.
O que era o gabinete do ódio
O gabinete do ódio era um grupo de assessores que cuidavam das redes sociais de Jair Bolsonaro durante seu mandato como presidente. Conforme investigações da PF, a liderança era do vereador Carlos Bolsonaro, segundo filho do ex-mandatário. “Isso foi se avolumando sob o falso manto da criminosa utilização da liberdade de expressão, resultando no 8 de janeiro”, declarou o ministro.
De acordo com Moraes, uma eventual anistia a envolvidos em atos golpistas geraria apenas “mais agressividade, assim como ontem”, explicou. “Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos. Acham que podem vir até Brasília e tentar explodir o STF porque foram instigadas por pessoas, muitas delas com altos cargos”, acrescentou.
Bolsonaro tenta articular no Congresso Nacional um projeto de anistia para envolvidos no 8 de janeiro. Ele próprio é investigado por suspeita de ter incitado a insurreição. “Precisamos ficar unidos na responsabilização total de todos aqueles que atentaram contra a democracia”, salientou Moraes.