Dois dos mísseis russos lançados contra a Ucrânia nesta terça-feira (15) teriam atingido Przewodow, uma cidade polonesa perto da fronteira ucraniana.
Segundo o jornal alemão “Bild”, duas pessoas morreram no país, que é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A informação teria sido confirmada pelos bombeiros da aldeia no município de Dołhobyczów, a 10 km da fronteira com a Ucrânia.
As autoridades relataram que as vítimas foram registradas após duas explosões que atingiram um local onde se fabrica grãos, informou o jornal local Kurier Lubelski, citando testemunhas.
O Corpo de Bombeiros está “tentando estabelecer as causas e circunstâncias exatas do acidente”, disse um porta-voz, acrescentando que toda a área foi isolada.
Em comunicado, o porta-voz do governo polonês, Piotr Müller, anunciou que “o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki convocou uma reunião urgente do Comitê Nacional de Segurança e Defesa”.
Por sua vez, o Pentágono disse que “no momento não temos nenhuma informação que possa confirmar esses relatos, mas estamos investigando”. Segundo o general Patrick Ryder, no entanto, “o nosso compromisso com o Artigo 5 da Otan é muito claro: defenderemos cada centímetro do território da Otan”.
Esta seria a primeira vez que mísseis russos teriam atingido um território da Otan. O Bild menciona o artigo 5º da Aliança, que prevê a obrigação de prestar ajuda aos aliados, mas ainda é um questão em aberto se Varsóvia acionará o mecanismo.
Bombardeios na Ucrânia
A Rússia voltou a atacar Kyiv e outras grandes cidades da Ucrânia no mesmo dia em que líderes do G20 pediram em conjunto que os bombardeios fossem interrompidos.
O vice-chefe do gabinete presidencial da Ucrânia, Kyrylo Tymoshenko, disse que “mais de sete milhões de usuários ucranianos ficaram sem eletricidade devido aos ataques de foguetes de hoje”.
De acordo com Tymoshenko, “15 usinas de energia ucranianas foram danificadas durante os ataques russos”.
A ofensiva ocorre logo após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursar na cúpula e afirmar que este é um bom momento para o fim da guerra em seu território.
“Estou convencido que agora é o momento em que a guerra pode e deve ser interrompida”, disse ele por vídeo, reforçando que “diante dos olhos do mundo inteiro, a Rússia transformou a usina nuclear de Zaporizhzhia numa bomba radioativa que pode explodir a qualquer momento”.
Além disso, ele enfatizou que a Ucrânia deve ter a possibilidade de uma paz justa, sem comprometer sua soberania. “Se a Rússia não toma ações concretas para alcançar a paz, significa que quer enganar o mundo e congelar a guerra”, acrescentou.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serghei Lavrov, falou que as propostas apresentadas por Zelensky na cúpula do G20 pela paz na Ucrânia são “irrealistas e inadequadas”.
O ministro de Moscou enfatizou que a Rússia quer ver “fatos concretos, não palavras” para que concorde com as negociações.
Hoje, Zelensky já havia alertado os ucranianos de que eles poderiam enfrentar mais ataques de mísseis russos, mas prometeu que o país sobreviveria e que a Rússia “não atingirá seus objetivos”. Para ele, os novos ataques são “um tapa na cara” para o G20.
O Ministério da Defesa da Rússia, porém, declarou que as notícias sobre os dois mísseis russos que teriam caído na Polônia são “uma provocação” destinada a causar uma escalada, conforme publicação da agência Ria Novosti.
Reações de outros países
O Ministério das Relações Exteriores da Estônia afirmou que o país está pronto para “defender cada centímetro” da Polônia, caso se comprove que a explosão registrada tenha sido em decorrência dos bombardeios da Rússia à Ucrânia.
“As últimas notícias da Polônia suscitam grande preocupação. Estamos em estreito contato com a Polônia e outros aliados. A Estônia está pronta para defender cada centímetro do território da Otan”, escreveu no Twitter.
A Letônia, inclusive, condenou “este crime” e declarou apoio aos amigos poloneses. “O regime criminoso russo lançou mísseis que atingiram não apenas civis ucranianos, mas também atingiram o território da Otan na Polônia”, declarou o ministro da Defesa, Artis Pabriks.
Já o ex-premiê da Itália e secretário do Partido Democrático (PD), Enrico Letta, disse que “o que acontece com a Polônia acontece conosco”.
“Ao lado de nossos amigos poloneses neste momento dramático, cheio de tensão e medo”, escreveu no Twitter.
As autoridades do Reino Unido, por sua vez, “estão a investigar” o caso, “em estreita colaboração com os aliados” da Otan, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estaria pedindo ao Congresso US$37,7 bilhões em novos fundos para a Ucrânia.
A Casa Branca “está trabalhando para estabelecer o que aconteceu e quais são os próximos passos a serem dados”, informou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, no Twitter, ressaltando que o governo americano está em contato com a “Polônia para recolher o máximo de informação possível”.
“Neste momento não podemos confirmar a notícia ou qualquer um dos detalhes que surgiram”, acrescentou.