Evo Morales renunciou ao cargo de presidente da Bolívia na tarde deste domingo (10). O anúncio ocorreu por volta das 16h50 da tarde, hora local (17h50, em Brasília), e foi seguido pela renúncia do vice-presidente, Álvaro García Linera. O pronunciamento foi realizado em Cochabamba, terceira maior cidade do país, berço político de Morales.
A fala do agora ex-presidente foi televisionada para todo o país. Imagens exibidas pela Unitel TV mostraram um grande grupo de bolivianos comemorando a queda de Evo em diversas cidades.
A suspeita que Morales poderia renunciar se deu quando o presidente deixou La Paz, a Capital. Fontes disseram ao jornal Clarín, da Argentina, que ele havia fugido para a Argentina”. No entanto, o político decidiu ir até Cochabamba.
Em seu discurso de renúncia, Evo criticou a oposição a seu governo, a quem acusou de serem os responsáveis pela onda de violência que atingiu o país. “Me dói muito que nos tenham levado ao enfrentamento. Enviei minha renúncia para a Assembleia Legislativa Nacional”, afirmou.
Pela manhã, Morales anunciou que o país teria novas eleições. O pleito de 20 de outubro, que deu um 4º mandato ao então presidente foi cercado de suspeitas de fraude. O mandato atual, o terceiro, terminaria em janeiro de 2020.
Em análise feita pela OEA (Organização dos Estados Americanos) foram apontados indícios de irregularidades. O secretário-geral da Organização, Luis Almagro, pediu a anulação das eleições, vencidas por Evo em 1º turno. Almagro instou o governo de Morales a convocar novas eleições.
Morales cedeu e afirmou que um novo pleito seria feito no país. Mas não deu data para a realização. A pressão para que o então mandatário se intensificou com o passar das horas deste domingo. Líderes sindicais, opositores e até as Forças Armadas bolivianas instaram que Evo deixasse o cargo. Todos justificaram que a medida seria para “pacificar as ruas”.
O ex-vice Linera, que acompanhou Evo, afirmou que as renúncias ocorreram para que não “houvesse mais derramamento de sangue” no país. Na onda de protestos que se seguiram após as eleições, três pessoas morreram e 330 ficaram feridas, conforme a imprensa local.
Crise na Bolívia
A tensão na Bolívia se iniciou pelos resultados das eleições de 20 de Outubro. Chamada de fraudulenta pela oposição, a contagem foi alvo de escrutínio da OEA.
Um dia após o pleito, começaram os protestos. Nos últimos dias, houve levantes de policiais e militares que se recusaram a tomar ações de repressão contra opositores, enquanto Morales acusou uma “tentativa de golpe de Estado”.
A OEA foi convidada por Morales para que revisasse o processo eleitoral. Evo se comprometeu a aceitar os resultados da análise, que seriam divulgados apenas em 13 de novembro. Mas a conclusão foi adiantada “por conta da gravidade das denúncias”. O secretário-geral da OEA pediu que a eleição do último dia 20 de outubro “seja anulada e que o processo eleitoral comece novamente”.