O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de 81 anos, anunciou que vai desistir da corrida pela reeleição. Ele pretendia disputar novamente o cargo com o republicano e antecessor na Casa Branca, Donald Trump, que perdeu em 2020, mas nunca concedeu a vitória ao adversário.
Em uma carta assinada, Biden afirmou que “foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente”. “E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato.” Ele disse que falará à nação no final desta semana “com mais detalhes sobre minha decisão”.
Biden começou a ser questionado após sua performance desastrosa no debate promovido pela rede CNN (Cable News Network), no fim de junho. O confronto de perspectivas teve audiência de mais de 50 milhões de espectadores. O 46º presidente dos Estados Unidos se mostrou hesitante, confuso e até com dificuldades para falar durante o programa. A atuação levantou inúmeros questionamentos sobre sua aptidão e capacidade de cumprir mais um mandato de quatro anos, caso fosse reeleito.
O próprio Biden admitiu que a noite não foi boa. “Tive uma noite ruim, e o fato é que eu estraguei tudo, cometi um erro”, afirmou o mandatário em entrevista a uma rádio de Milwaukee, no Wisconsin, um dos estados-chave para as eleições de novembro. “Foram 90 minutos no palco, mas olhem para o que eu fiz em três anos e meio”, acrescentou o democrata.
No dia 8 de julho, em um telefonema para a emissora MSNBC, Biden ainda afirmou que “o eleitor médio” quer sua reeleição. Ele desafiou aqueles que defendem sua desistência a enfrentá-lo na convenção do Partido Democrata. “Não me interessa aquilo que querem as elites do partido e os milionários, o eleitor democrata médio quer que eu continue na disputa”, assegurou Biden.
Gafes na cúpula da OTAN
Pouco tempo depois, no entanto, novas gafes levantaram novas questões sobre sua capacidade de comandar os Estados Unidos. Antes e durante a cúpula de encerramento da OTAN – realizada de 9 a 11 de julho, em Washington – , Biden cometeu deslizes. O evento era visto por analistas como um teste do presidente para demonstrar sua capacidade de governar.
Primeiro, o mandatário apresentou seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, como “presidente Putin”. Ele se recuperou imediatamente do equívoco, dando a desculpa de que os seus pensamentos se voltam sempre para “como deter o líder do Kremlin”.
Poucos minutos depois, Biden cometeu um novo erro. Ele confundiu sua vice-presidente, Kamala Harris, com seu rival Trump, que debochou da confusão em uma publicação na rede Truth Social.
Muito velho para o cargo
No entanto, dois terços dos americanos, acreditam que o presidente dos Estados Unidos deveria se retirar da corrida à Casa Branca após seu desempenho no debate. De acordo com a sondagem, 67% dos americanos consideram que o democrata deveria dar um passo atrás, enquanto mais de 85% o classificam muito idoso para um segundo mandato.
Além disso, somente 42% dos entrevistados democratas defendem a permanência de Biden na disputa presidencial. A pesquisa mostra o mandatário e o ex-presidente Donald Trump em um empate técnico na disputa pelo voto popular, ambos com 46% de apoio entre os eleitores registrados.
A desistência
Mesmo com as críticas e os insistentes apelos para que deixasse a corrida, Biden não aceitava a ideia. Um dos pontos de inflexão para o atual presidente era o episódio da nomeação em 2016.
Oito anos atrás, Biden acabou convencido por uma ala do partido Democrata a não disputar a nomeação. Isso deu espaço para os senadores Hillary Clinton, esposa do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) e Bernie Sanders. Trump venceu aquela eleição, derrotando Clinton.
Sua família se posicionou com uma defensora feroz de sua reeleição, devolvendo a pressão exercida pelos críticos do presidente. Os Democratas continuaram pressionando pela sua saída da candidatura, em favor de um nome mais jovem. A pressão chegou a níveis dramáticos após o presidente ser diagnosticado com Covid-19.
A grande especulação é de quem irá assumir seu lugar na disputa contra Donald Trump. O principal nome cotado é da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris. Em segundo lugar nas apostas é o de Michelle Obama, esposa do ex-presidente Barack Obama (2009-2017).
Quem é Joe Biden
Joseph Robinette “Joe” Biden Jr nasceu em 20 de novembro de 1942, em Scranton, no estado da Pensilvânia. O democrata é um advogado e político norte-americano, e foi vice-presidente de Barack Obama de 2009 a 2017.
Entre 1973 e 2009, Biden exerceu seis mandatos consecutivos como senador pelo estado de Delaware.
A vida pessoal de Biden é marcada por tragédias. Em 1972, ele perdeu sua primeira esposa, Neila, e sua filha, Naomi, em um acidente de carro, no qual seus outros filhos Beau e Hunter também ficaram gravemente feridos.
Biden casou-se novamente em 1977, com Jill Tracy Biden. Joe e Jill Biden têm uma filha, Ashley, nascida em 1981. Em 2015, seu filho Beau Biden morreu, aos 46 anos, em consequência de câncer no cérebro.
Na eleição de 2020, Biden obteve 81,2 milhões de votos em uma disputa acirrada, marcada pelo recorde de eleitores e a intensa polarização política.