Os efeitos do El Niño, que causaram temporais e chuvas volumosas na Região Sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, deixando várias cidades embaixo d’água, permanecem na primavera.
Com isso, a previsão é de chuvas acima da média durante o mês de novembro. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), no Rio Grande do Sul os volumes de chuva devem ficar acima de 160 mm e com temporais que mais uma vez trazem o risco de alagamentos e outros transtornos.
O cenário reforça a preocupação com a leptospirose. A doença é causada pela bactéria Leptospira spp, presente na urina de animais, sobretudo ratos, e o perigo envolve também os animais de estimação, especialmente os cães.
O alerta é do médico-veterinário Harald Fernando Vicente de Brito, especialista em doenças infecciosas. “O cuidado que temos para evitar que os tutores tenham contato com água contaminada deve se estender aos pets. Os cães também contraem a leptospirose e podem se tornar transmissores”, ressaltou.
Segundo Brito, a leptospirose é uma doença de caráter zoonótico, portanto é transmitida dos animais para os seres humanos e, apesar de não entrarem nas estatísticas, os animais de companhia podem ser afetados pela doença e ainda transmiti-la.
“Um animal doente pode eliminar a bactéria pela urina por até seis meses depois de curado”, afirmou o veterinário.
A principal recomendação é evitar que o animal tenha contato com a água de enchentes, especialmente beber ou brincar na água suja. A contaminação acontece pela pele, por meio de lesões, pelas mucosas ou na pele sem ferimentos exposta por longos períodos em água contaminada.
Além disso, o especialista cita que é necessário cuidar para que ratos não acessem o local de alimentação e nem as vasilhas de comida. Brito lembra que existem vacinas contra a doença, mas que os imunizantes protegem contra quatro variantes, sendo que existem mais de 20 cepas que podem acometer os cães.
Principais sintomas
Nos pets, os principais sintomas da leptospirose são febre alta, vômito, diarreia, gengiva e olhos amarelados, urina de cor escura, perda de peso e apetite.
“O tutor precisa ficar atento aos sintomas e procurar ajuda profissional o quanto antes, já que a letalidade no cão é bastante alta”, destacou.
No ser humano, os sintomas são parecidos, sendo frequente as dores musculares, principalmente na panturrilha, nas costas e na nuca. Diante de animais com suspeita da doença, algumas ações são necessárias para prevenção.
A recomendação é manipular o animal sempre com luvas, evitar contato com a urina e caso o contato seja inevitável o ideal é lavar as mãos imadiatamente com água e sabão.