Efeitos do clima

El Niño provoca seca histórica na região amazônica

Em uma região que baseia seu tráfego no transporte fluvial, os cursos d'água estão reduzindo de nível, deixando vilarejos isolados e comprometendo a distribuição de comida e itens de primeira necessidade para meio milhão de pessoas.

Crédito: reprodução de vídeo / Rede Amazônica

Patrizia Antonini, Ansa Brasil | Os efeitos do El Niño estão causando seca, com a redução dos níveis de rios e espelhos d’água icônicos como o lago Titicaca e os cursos da Amazônia. O fenômeno, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico, atinge duramente o subcontinente, colocando em risco a vida de centenas de milhares de pessoas e os habitats naturais.

O último alarme veio do estado do Amazonas. A área coberta pelas proverbiais florestas úmidas enfrenta uma das secas mais graves de sua história.

E em uma região que baseia seu tráfego no transporte fluvial, os cursos d’água, que continuam reduzindo de nível, deixam os vilarejos isolados e comprometem a distribuição das provisões de comida e itens de primeira necessidade para meio milhão de pessoas.

Em Manaus, o nível do Rio Negro está diminuindo a um ritmo de até 30 centímetros por dia, marcando valores muito inferiores aos padrões para este período do ano.

O mesmo vale para o Solimões, na cidade amazônica de Benjamin Constant, que alguns dias atrás já havia perdido 43 centímetros de água, registrando o segundo fluxo mais baixo na série histórica das medições.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, afirma: “Nunca vi nada desse porte”. Amanhã (26) ele estará em Brasília para pedir medidas de urgência ao governo federal. Inclusive porque o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) não promete nada de bom: “O El Niño deixará a Amazônia mais seca e mais quente, por um período mais prolongado em relação ao passado”.

Também está cada vez mais crítica a situação do lago Titicaca na cordilheira dos Andes, entre o Peru e a Bolívia, berço dos Incas, e considerado um dos espelhos d’água mais generosos da América do Sul. O lago navegável no teto do mundo.

A redução do nível da água superou a alarmante marca de 60 centímetros, e a situação dessa reserva vital para o sustento de milhares de habitantes tende a piorar.

Uma verdadeira agonia, enquanto cientistas e especialistas pedem que os governos de Lima e La Paz implementem medidas para enfrentar as mudanças climáticas.

Enquanto isso, o serviço meteorológico nacional faz o prognóstico: “A seca pode chegar a um metro já antes do fim do ano”. (ANSA).