NO PORTO DE RIO GRANDE

Dono de empresa de logística é preso em operação contra tráfico internacional de drogas no RS

A ação começou em 2021, quando a Polícia Federal soube da apreensão em Hamburgo, na Alemanha, de 316 quilos de cocaína saídos do Porto de Rio Grande

A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram, nesta quinta-feira (30), uma operação com o objetivo de reprimir o tráfico internacional de drogas promovido por duas grandes empresas de logística marítima sediadas nos portos de Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul, e de Itajaí, em Santa Catarina. A ação ocorre com apoio da Europol (Agência da União Europeia para Cooperação Policial), da SENAD/PY (Secretaria Nacional Antidrogas) e da Fiscalía, do Paraguai.

Segundo apurou a “Operação Hinterland”, o tráfico de entorpecentes ocorria da América do Sul para a Europa. A ação teve início em março de 2021, a partir de informações recebidas pela Polícia Federal de que 316 quilos de cocaína haviam sido apreendidos na cidade de Hamburgo, na Alemanha, em dezembro de 2020, a partir do Porto de Rio Grande.

Durante a ofensiva desta quinta-feira (30), foi preso em Rio Grande o dono de uma das empresas investigadas. Além disso, conforme a investigação, a alta cúpula da empresa atuava diretamente na prática das ilegalidades.

Ademais, na ação de hoje são cumpridos 17 mandados de prisão preventiva e 37 mandados de busca e apreensão. Os locais alvo são o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Amazonas e Rondônia, e Assunção, no Paraguai. Atuam na Hinterland, 200 policiais federais e 12 servidores da Receita Federal.

Também são executados os sequestros de 87 bens imóveis, 173 veículos, uma aeronave, bloqueios de contas bancárias vinculadas a 147 CPFs e CNPJs, 66 bloqueios de movimentação imobiliária de 66 pessoas físicas e jurídicas e a proibição de expedição de GTAs (Guia de Trânsito Animal) por quatro investigados, totalizando a execução de 534 ordens judiciais.

Com as medidas executadas, a descapitalização da organização criminosa poderá chegar a R$ 3,85 bilhões, valor estimado das transações ilícitas identificadas durante o período da investigação.

Foto: Polícia Federal/Divulgação

Histórico

A investigação indicou que a droga produzida na Bolívia era remetida para o Brasil por um fornecedor paraguaio e ingressava no país por Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Posteriormente, a cocaína era transportada em caminhões até o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e armazenada nas próprias empresas da organização criminosa ou em depósitos próximos aos portos de Rio Grande e Itajaí.

A droga era inserida em cargas regulares com a intervenção e coordenação da alta administração das empresas de logística, sem o conhecimento dos contratantes, proprietários das cargas lícitas, normalmente de insumos que poderiam mascarar a droga quando submetida aos controles alfandegários. Já no continente europeu, o grupo comprador do entorpecente, furtava a parte da carga regular que continha a cocaína, para distribuição em diversos países da Europa.

Em dois anos de investigação, foi comprovado que a organização criminosa movimentou 17 toneladas de drogas que tinham como destino a Europa, sendo que 12 toneladas foram apreendidas.

Para a realização da Operação Hinterland, a Polícia Federal celebrou acordos de Cooperação Policial Internacional com a Alemanha e Paraguai, e acordos de Cooperação Jurídica Internacional com a França e a Alemanha, para execução das medidas.