O Ministério da Saúde está elaborando um projeto de aprimoramento do conceito de saúde digital dentro do SUS (Sistema Único de Saúde). O objetivo é, com o uso da tecnologia, fortalecer os princípios já consolidados do sistema. As intenções foram expostas no primeiro Simpósio Internacional de Transformação Digital no SUS, ocorrido em São Paulo nestas segunda (2) e terça-feira (3).
O evento antecede a criação de um programa relacionado com a área. A abrangência obtida deixou os representantes do ministério otimistas. “O que sentimos é isso. Nós tivemos ontem mais de 10 mil acessos remotos ao seminário, além dos 600 participantes presenciais. Assim, parece que está todo mundo muito atento e sensível a essa necessidade. Isso é muito bom, porque eu acho que vai nos fazer avançar mais rápido porque vamos trabalhar juntos”, destacou a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, que estava presente.
Além de Haddad, o simpósio contou com a presença da Ministra da Saúde, Nísia Trindade. Havia ainda mais de 50 expositores que traziam iniciativas que envolvem uso de tecnologias digitais no SUS.
Entre os temas debatidos estavam:
- Transformação digital dos sistemas de saúde;
- Experiências integradas em telessaúde;
- Ciência de dados e inteligência artificial;
- Modelos de arquitetura de interoperabilidade, como o da RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde);
- Complexo Econômico e Industrial da Saúde;
- Gestão e proteção de dados pessoais.
Uso da tecnologia
Haddad disse que o tema precisa estar articulado com o desenvolvimento das políticas públicas relacionadas à área. “No SUS, temos avançado muito na adoção do prontuário eletrônico, nas aplicações da telessaúde, no estabelecimento da arquitetura de interoperabilidade da RNDS para garantir a continuidade do cuidado e o acesso do cidadão ao seu prontuário e seus dados clínicos por meio do ConecteSUS”, observa.
A secretária mencionou também a utilização da inteligência artificial e a capacidade analítica para “poder processar e gerar informações estratégicas para a tomada de decisão. Sejam tomadas de decisão por processo de atenção à saúde, desde a promoção, prevenção, tratamento, reabilitação, mas também para vigilância e para prevenção de futuras emergências sanitárias”, explicou.
Telemedicina
Também foi debatido o serviço de telemedicina através da Telessaúde e da TeleUti. Os conceitos servem como uma ferramenta para qualificar o atendimento oferecido pelo SUS, a pacientes críticos e em tempo real.
O professor Chao Lung Wen, da Disciplina de Telemedicina da FMUSP e Presidente da ABTMS (Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde), diz que a Telessaúde “envolve desde a Promoção de Saúde e Prevenção de Doenças e Agravos (autocuidados e Saúde nas Escolas) até a reintegração social com cuidados integrados domiciliares”, detalha.
Para Chao, a Telessaúde é uma estratégia de reorganização de processos da Saúde por meio da estruturação de uma Cadeia Produtiva de Saúde. Ela envolve o uso de Tecnologias Digitais e de Informação e Comunicação
Capacitação
Haddad citou, ainda, a importância de fortalecer o processo de formação para transformação digital de todos os atores que participam desse processo, além de fomentar a pesquisa para inovação. “São todas as ações que têm uma transversalidade com tudo aquilo que o SUS e o Ministério da Saúde fazem”, acrescentou.
Fala ratificada pelo professor Carlos Carvalho, diretor de Saúde Digital do HCFMUSP. “Temos uma frente na formação/capacitação de estudantes e profissionais, outra no teste de biossensores e equipamentos de telemonitoramento (para pacientes crônicos) e outra na teleassistência, desde Atenção Primária, atendimentos pacientes agudos em pronto socorros, atendimento de pacientes graves (TeleUTI) e mesmo telecirurgias e teleespecialidades (cardiologia, neurologia, psiquiatria etc)”.