REGRA FISCAL

Deputados federais aprovam texto-base do arcabouço fiscal

Ainda faltam destaques a serem votados, o que deve ocorrer nesta quarta-feira (24). Após essa etapa, o texto seguirá para o Senado

A Câmara dos Deputados aprovou, por 372 votos a 108, o texto-base do projeto de lei complementar que fixa novas regras fiscais para as despesas da União, o chamado arcabouço fiscal. A medida substituirá o atual teto de gastos, criado ainda no governo de Michel Temer. Ainda faltam destaques a serem votados, o que deve ocorrer nesta quarta-feira (24). Após essa etapa, o texto seguirá para o Senado.

A proposta do arcabouço fiscal foi enviada em abril pelo governo federal ao Congresso Nacional. O relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), incluiu gatilhos para obrigar o corte e a contenção de gastos no caso de descumprimento da meta fiscal.

O novo arcabouço fiscal limitará o crescimento da despesa a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores. Em momentos de maior crescimento da economia, a despesa não poderá crescer mais de 2,5% ao ano acima da inflação. Em momentos de contração econômica, o gasto não poderá aumentar mais que 0,6% ao ano acima da inflação.

Durante todo o dia, Cajado esteve reunido com o presidente da Câmara, Arthur Lira, costurando mudanças pontuais no relatório. Uma delas dá possibilidade do governo gastar mais do que o previsto, desde que arrecade mais que o previsto também. Os gastos serão condicionados ao cumprimento de metas de resultado.

O placar provocou comemoração na base do governo. Por se tratar de um Projeto de Lei Complementar, eram necessários, no mínimo, 257 votos para aprovação. A aprovação por uma margem larga, com um clima político favorável, deixa o governo mais confortável para a votação no Senado.
Gatilhos

Chamado de Regime Fiscal Sustentável pelo relator, o projeto prevê que, no caso de descumprimento das metas, haverá contingenciamento (bloqueio) de despesas discricionárias. O projeto de Cajado estabelece a adoção, no ano seguinte ao descumprimento, de medidas automáticas de controle de despesas obrigatórias, como a não concessão de aumento real de despesas obrigatórias e a suspensão de criação de novos cargos públicos e da concessão de benefícios acima da inflação.

Caso o descumprimento aconteça pelo segundo ano consecutivo, novas proibições serão acrescentadas às existentes, como o aumento de salários no funcionalismo público, admissão ou contratação de pessoal e realização de concurso público (nos últimos dois pontos, a exceção é para reposição de cargos vagos).

Segundo Cajado, o reajuste real do salário mínimo estará fora dos gatilhos e terá aumento acima da inflação. Inicialmente, havia previsão de também retirar o Bolsa Família do limite de gastos. No entanto, o deputado manteve o benefício sujeito às normas gerais para que seja reajustado acima da inflação.

Votos dos deputados gaúchos

A favor

  • Afonso Motta (PDT)
  • Alceu Moreira (MDB)
  • Alexandre Lindenmeyer (PT)
  • Bohn Gass (PT)
  • Carlos Gomes (Republicanos)
  • Daiana Santos (PCdoB)
  • Denise Pessôa (PT)
  • Franciane Bayer (Republicanos)
  • Luciano Azevedo (PSD)
  • Luiz Carlos Busato (União)
  • Márcio Biolchi (MDB)
  • Marcon (PT)
  • Maria do Rosário (PT)
  • Pompeo de Mattos (PDT)
  • Reginete Bispo (PT)

Contra

  • Afonso Hamm (PP)
  • Bibo Nunes (PL)
  • Covatti Filho (PP)
  • Daniel Trzeciak (PSDB)
  • Fernanda Melchionna (PSOL)
  • Giovani Cherini (PL)
  • Lucas Redecker (PSDB)
  • Marcel van Hattem (PL)
  • Marcelo Moraes (PL)
  • Mauricio Marcon (Podemos)
  • Osmar Terra (MDB)
  • Pedro Westphalen (PP)
  • Sanderson (PL)
  • Tenente Coronel Zucco (Republicanos)

Ausentes

  • Any Ortiz (Cidadania)
  • Heitor Schuch (PSB)